Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Martina Marana faz o lançamento do 1º CD, ‘Correnteza de Ar’, em Campinas

Foto: Eduardo Barioni.
Com a levada do samba e o vozeirão peculiar, a cantora e compositora Martina Marana faz sua estreia no mercado fonográfico com o álbum Correnteza de Ar, que será lançado novamente no dia 24 de novembro em Campinas (o álbum teve outro lançamento na Feira Municipal do Livro de Campinas, no último dia 24) no bar/restaurante Almanaque Café. Em janeiro de 2015, o show que dá nome ao disco fará o encerramento do Festival Jazz a la Calle, em Mercedes (Uruguai).
O repertório, com arranjos fortemente influenciados pela música de Hermeto Pascoal, une o universo da canção à linguagem da música instrumental brasileira em ritmos que vão do maracatu ao chamamé. Com arranjos e direção musical do pianista André Marques, o disco conta também com um arranjo do trompetista Diego Garbin e um de João Paulo Gonçalves. No CD e nos shows, Martina Marana é acompanhada pelo grupo Noneto de Casa e de Fabio Augustinis (percussão).
O CD traz 11 composições – algumas autorais de Martina, e outras da nova safra de autores da MPB, residentes em Campinas, Valinhos, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Há apenas uma música do Eduardo Gudin e uma do Nenê baterista, que já são uma geração anterior a minha”, destaca a cantora.
Sobre a seleção do repertório, Martina revela: “primeiro surgiu o tema Correnteza de Ar, que vem de uma frase da música Canção Eólia, do compositor Rodrigo Duarte, com letra de minha autoria”.  A partir daí, “por coincidência, percebi que as primeiras músicas falavam dos elementos água (correnteza) e ar”.
Martina decidiu levar a sugestão do acaso a sério: todas as músicas do disco apresentam essa temática ou, ao menos, uma palavra que remeta ao tema. “Outra coincidência foi que estreitei minha relação com esses elementos quando comecei a praticar maratona aquática no mar. Além disso, um dos letristas me lembrou: tenho o mar no meu nome”, destaca.

A cantora
Formada em canto popular pelo Conservatório de Tatuí e pós-graduada na área de trilhas sonoras e musicais, pela Unicamp, estudou arranjo com Cláudio Leal Ferreira e improvisação com o pianista André Marques (grupo Hermeto Pascoal). Atualmente é aluna de canto de Izabel Padovani.
Martina participou como backing vocal na gravação do DVD do compositor e sambista paulistano Guilherme Lacerda. Com o Jazz Combo do Conservatório de Tatuí viajou pelo Estado de São Paulo com o show Circuladô. É professora de musicalização infantil, canto popular e regente de corais infanto-juvenis. Já gravou dois CDs de música infantil “Canções do coração III” e “Recantigas”, trabalhando como arranjadora, violonista, cantora e percussionista.
Seu trabalho de voz e violão apresenta canções da Bossa Nova, samba e MPB dos anos 50 a 80, de compositores como Chico Buarque, Cartola, Tom Jobim, João Bosco, Gilberto Gil, dentre outros.

Noneto de Casa
Formado por músicos que estudam ou trabalham no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí, o grupo se reuniu no final de 2010 com o intuito de proporcionar um espaço para a produção instrumental. Ao longo de 2011, pesquisou e criou seu repertório autoral.
Em consequência da diversidade de formação de seus integrantes, o grupo tem como principal característica a multiplicidade de experiências, que se reflete claramente em suas obras e na maneira como conduzem o grupo, através da direção coletiva. Suas principais referências são Maria Schneider, Moacir Santos, Dave Holland e Banda Mantiqueira.
O Noneto de Casa participou de diversos festivais e eventos ao longo de 2012, entre eles, o Painel Instrumental 2012 de Tatuí, fazendo a abertura do show de Hermeto Pascoal e Grupo; do 1º Festival Grandes Bandas no Almanaque Café em Campinas; do FEMUCIC – Mostra de Música Cidade Canção no Sesc Maringa-PR; do Projeto Sorocaba em Cena realizado pelo Sesi de Sorocaba; do 2º FICA – Festival Itajubense de Cultura e Arte 2012 em Itajubá-Mg; do 13º FEIA – Festival do Instituto de Arte da Unicamp.
Em 2013 se apresentou no 7º Encontro Internacional Jazz a la Calle no Uruguai, onde também ministrou um workshop, e no 10º Brasil Instrumental, no CEU Perus em SP.

Ficha Técnica – Músicos
Martina Marana (voz)
André Marques (piano rhodes)
Diego Garbin (trompete)
Dô de Carvalho (saxofones)
Fabio Oliva (trombone)
Isaias Alves (saxofones)
João Casimiro (bateria)
Wellington Viana (saxofones)
Rafael Amarante (guitarra)
Reynaldo Izeppi (trompete)
Tiago di Bella (baixo) 
Fabio Augustinis (percussão)

Faixa a faixa, por Martina Marana
Apaixonada - Eduardo Gudin / J. Petrolino. Este samba eu ouvi no disco da Fátima Guedes, em que ela canta somente músicas do Eduardo Gudin e me emocionei ao me imaginar cantando. O disco se chama Luzes da mesma luz. Gudin é um dos meus compositores favoritos de música brasileira, junto a nomes como João Bosco e Chico Buarque. Foi uma grande honra ter a oportunidade de gravar uma música dele.

As mãos de Iemanjá - Pedro Ivo / Diogo Brandão. A música, dessa dupla do Rio de Janeiro, fala do poder da sereia. Tive que usar bastante minha tessitura vocal, pois a música vai do bem grave ao bem agudo.

Canção Eólia - Rodrigo Duarte / Martina Marana. Esta música me foi dada e a inspiração da letra veio na hora. É uma canção que fala sobre o vento em suas diversas formas, da brisa ao ciclone. A frase que deu nome ao disco vem desta canção: “Diva, vagando ao longe/vai-se a brisa/vista de cima/é correnteza de ar”.

Som Distante - Adriano Dias / Rogério Trentini. Adriano Dias é de Campinas. É um baião com arranjo de André Marques em 7/4, com modulação e improviso.

Odoya - Música de Henrique Tarrason, de Valinhos, formado pela Unicamp. Um Ijexá. Já conhecia a música, porque foi gravada por um grupo chamado Casa Forte.

Chuva na Praia - João Paulo Gonçalves / Lígia Moreli / Bruno Ribeiro (Todos já moraram em Campinas). É uma balada; a música mais lenta do disco.

Improvável - Matheus Baraçal, formado em Música Popular pela Unicamp. Também gravada pelo grupo Casa Forte. É uma música pesada em 9/8, com solo de guitarra.

Além Mar - Música de dois compositores de Belo Horizonte, Rafael Martini e Leonora Weissman, que integram o grupo Quebrapedra. É um maracatu com muitas mudanças de fórmula de compasso (assista no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=hggARO4-lbs).

Última Valsa de Elis - Nenê / Pedro Marques. Esta música, Nenê (que foi baterista da Elis Regina) compôs quando a cantora faleceu. Já teve várias versões de letra, mas a que ele escolheu foi a do poeta Pedro Marques, que reside atualmente em Campinas.

Festejo e fé - Frederico Demarca / Marcelo Fedrá, cariocas. Evoca as festas populares, do Círio de Nazaré, dos Bois Parintins, dos Botos.

O poeta e a canção - Pedro Ivo / Diogo Brandão. É um arranjo feito para voz mais trio. Um chamamé. Música linda, letra belíssima.


Samba do encontro - Gustavo de Medeiros / Luisa Toller. Quando o Gustavo me mandou a música, era uma bossa nova, lenta. Ouvi e achei que ficaria legar um samba rápido. Acabou ficando um samba com cara de gafieira, talvez o arranjo mais tradicional de todos. É a música que fecha o disco.

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