No mundo corporativo também é assim. Não estou falando de alcunhas ou
apostos que nos fazem sair do pacote como se fossemos a única bolacha do mundo
diante de uma legião de famintos! Estou dizendo que no mundo corporativo também
surfamos e precisamos saber as regras.
É chover no molhado dizer que o mundo está cada vez mais complexo.
Política, econômica, tecnológica, socialmente este mundão está virado em todos
os sentidos. Há uma sensação de mudança na raiz, mudança que ninguém sabe
direito o que é ou para onde vai. Na família, na relação entre as pessoas, no
sexo, no trabalho, nas empresas, no meio ambiente, no pãozinho da padaria.
Nas empresas e no mercado de trabalho é a mesma coisa. Estamos em um
período de grandes dúvidas sem grandes respostas. Algumas verdades ditas ontem
não aguentam alguns minutos nesta panela em ebulição. Algumas teses
simplesmente viram espuma e, com elas, seus irremediáveis gurus. Sempre digo
aos executivos que me procuram que tenho pânico de ser referência. Já escrevi
que ser referência hoje pode ser propaganda enganosa. Quando me procuram, seja
pessoa jurídica ou física, com a famosa pergunta “qual o caminho para o
sucesso?” não tenho como dizer: não sei, volte depois. As pessoas querem
respostas, os jornalistas e as empresas também. E se você estudou muito ou tem
larga experiência de mercado ou ambas tem quase como obrigação não apenas
responder, mas dar a resposta absolutamente certa. Mas o mundo infelizmente não
é um programa de auditório. Hoje, o mundo é um tsunami.
Depois da tragédia asiática, difícil alguém não saber o que é um
maremoto. Fico imaginando o epicentro de um terremoto no mar. As ondas devem
ser gigantescas, caóticas, indo para lá e para cá como chicotes enlouquecidos,
estalando e batendo entre si. A fúria da natureza no seu sentido mais avassalador.
Pois bem, imagine-se com um calção de banho e uma prancha atada ao seu
tornozelo e tendo que pegar ondas neste cenário. Como proceder? Primeiro, seu
foco não pode ser entender a lógica das ondas. Não há o que entender, não há
marola que vai se tornar uma onda previsível. Lembre-se no maremoto, o caos é a
lógica. Mas, novamente a pergunta: o que fazer? A resposta é muito simples.
Concentre-se em duas coisas: manter a prancha inteira e com você em cima.
O mercado de trabalho e o mundo corporativo estão tão caóticos e
imprevisíveis que fica praticamente impossível fazer projeções sem uma margem
de erro considerável. Qual deve ser o foco? Se você é um executivo ou um
profissional sua prancha é seu currículo, o que você pendura em cima dele é
importantíssimo para manter a prancha rígida e inquebrável diante de um mar
raivoso. O mesmo vale para as empresas. Agora não adianta uma super prancha se
você não consegue parar em cima. O manter-se equilibrado é a capacidade que
você e as empresas têm, com ou sem excelentes qualificações técnicas, de ser
sensível às mudanças, de compreender o aqui e agora e agir de acordo com isso,
de ter a dúvida e ir atrás da resposta mesmo que ela mude no segundo seguinte.
Equilibrar-se hoje é muito mais uma variável intangível do que técnica.
Portanto, a resposta é muito simples meu caro executivo ou empreendedor. Não
tente compreender as ondas. Foco na prancha e no equilíbrio da decisão. Um
maremoto não dura para sempre.
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