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Foto: Danilo Batista. |
O grupo Os Geraldos, de
Campinas, apresenta o espetáculo O Último
Sarau – uma peça de corpo presente na quarta-feira (3) às 21 h no Teatro
Castro Mendes, como parte da programação da 31ª Campanha de Popularização de Teatro de Campinas. A comédia
dramática, com direção de Roberto Mallet, reúne um grupo de artistas para
realizar um sarau em homenagem a um artista falecido, deixando que se revelem,
entre poemas e canções, as relações entre esses personagens.
O espetáculo evoca a memória de uma realidade cultural distinta da de
grandes centros. A obra é marcada por uma produção artística menos sujeita a
interferências estilísticas e transformações vanguardistas, refletindo, com
mais ingenuidade e menos rebuscamento, as particularidades dessas comunidades,
das quais é emblemático o sarau lítero-musical. “É um espetáculo com muita música e poesia, que nos traz de volta
referências artísticas que, embora esquecidas, compõem nossa tradição cultural”,
afirma Douglas Novais, ator e coordenador do grupo.
Compõem o elenco, além de Novais, Carolina Martins Delduque, Julia
Cavalcanti Santos, Lucas Gonzaga, Maíra Coutinho Herissé, Marina Milito e Paula
Mathenhauer Guerreiro. Roberto Mallet é quem assina a direção, a terceira
dentro do repertório do grupo, que conta com essa parceria também em Números (2007) e no Números de Circo – um espetáculo para crianças (2011). Mallet é
professor do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), foi professor da Universidade Regional de Blumenau (SC) e do Curso Livre
de Formação de Atores do Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA).
Atualmente é diretor e ator do Grupo Tempo, fundado em 1992, cuja poética é
indissociável da sua pesquisa pedagógica e acadêmica.
Processo de criação
Durante o processo de criação, foram levadas à sala de trabalho obras
da tradição poética ocidental – dentre as quais a de Camões, Cecília Meireles,
Drummond, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Bocage, Castro Alves, Manuel Bandeira
e Mário Quintana –, cenas de textos dramáticos marcantes da história do teatro
– de Nelson Rodrigues, Shakespeare, Anton Tchekhov, Aristófanes, Eurípedes –,
da literatura – de Guimarães Rosa, Gustavo Corção e Leon Bloy – e do nosso
legado musical brasileiro – de Angelino de Oliveira, Pena Branca, Carlos Galhardo
e Nara Leão, entre outros. Embora nem todas essas referências estejam
diretamente na cena, não deixam de compor a encenação, à medida que – tendo
sido lembradas durante o processo – deixam sua marca na atmosfera do
espetáculo.
Histórico
Os Geraldos já passaram por mais de 40 cidades em apresentações que
percorreram nove estados brasileiros, além da participação e premiação em
festivais nacionais e internacionais em países como Marrocos, Argentina e Peru,
atingindo mais de 14 mil pessoas.
O primeiro trabalho do grupo foi o espetáculo Números (2007), criação dramatúrgica coletiva de esquetes com
inspiração clownesca e direção de Roberto Mallet. Desde então, encanta e
emociona os públicos que o recebem, tendo conquistado vários prêmios, como o de
melhor espetáculo, no Festival de Teatro da Região Metropolitana de Campinas
(2008), que foi o primeiro de que participou, e os de melhor espetáculo, melhor
conjunto de atores e melhor figurino no 24º Festival Internacional de Teatro
Universitário de Blumenau (FITUB), em 2011. Valendo-se de uma potência evidente
do espetáculo, o grupo criou o Números
para Crianças (2011), uma adaptação próxima à versão original que parte
da atmosfera lúdica que lhe é característica para atingir diretamente o público
infantil.
Em 2009, estreou seu segundo espetáculo: Hay Amor!, com direção coletiva, que trata da necessidade humana de
não estar só, em uma criação dramatúrgica coletiva sobre a relação amorosa do
homem que, por conviver com a instantaneidade do mundo virtual, vê-se imerso em
um universo de laços a curto prazo e relacionamentos a distância. O espetáculo
já conquistou, além da aclamação do público, importantes prêmios, como no 14º
Festival International Du Théâtre Universitaire d’Agadir (Marrocos), em que
recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio máximo do festival, e no Festival
Nacional de Teatro de Ponta Grossa (PR), que lhe rendeu seis prêmios, incluindo
Melhor Texto Original e Melhor Espetáculo.
Em 2015, estreou seu quarto espetáculo: O Drama e outros contos de Anton Tchekhov; dessa vez, quem assina a
direção é o ator do Théâtre de Soleil Arman Saribekyan. O espetáculo é
constituído por quatro contos de Tchekhov – O
Drama, O Criminoso, A Pamonha e A Corista –,cujas situações ambíguas revelam, em seus personagens,
faces escondidas de nós mesmos.
O grupo também se dedica ao ensino teatral, realizando em sua sede em
Campinas, desde 2015, o Curso de Formação Teatral, voltado a jovens e adultos, com
uma proposta de formação do ator diferenciada: é o único que oferece a formação
para um ator-gestor, capaz de atingir qualidade na criação poética, mas também
de produzir e gerir projetos com sustentabilidade financeira viável e
articulação com a sociedade.
Serviço
Espetáculo O Último Sarau – uma
peça de corpo presente, na 31ª Campanha de Popularização do Teatro
Dia: 3 de fevereiro (quarta-feira)
Horário: 21 horas
Local: Teatro Castro Mendes - Rua Conselheiro Gomide, 62 – Vila
Industrial
Entrada: R$15,00 – ingresso à venda na bilheteria do Teatro de terça a
domingo, das 16 h às 21 h
Classificação: livre
Sinopse: A morte do diretor artístico do Grupo Arte & Vida, que por
trinta anos promoveu saraus, peças e eventos culturais em uma pequena cidade, é
ocasião para um último sarau com a sua presença. Poemas, canções e cenas que fizeram
parte da história do grupo são apresentados em uma despedida alegre que, ao
evocar memórias e afetos, conduz a uma reflexão sobre a vida, o amor e a arte.