Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

SAAE monitora fauna na área de barragem para a preservação das espécies nativas

Animal da espécie Didelphis aurita. Foto: Divulgação - Atol Consultoria Ambiental.
A Atol Consultoria Ambiental, contratada pelo Serviço Autônomo da Água e Esgotos de Indaiatuba (SAAE), vem realizando o Programa de Monitoramento da Fauna Terrestre desde agosto de 2013 na área de 1,3 milhão de m² onde foi construída a barragem do Rio Capivari-Mirim, no Bairro Mirim.

Nos levantamentos de campo realizados em um único fragmento florestal, presentes nas áreas de influência direta da barragem, foram estabelecidos três pontos de amostragem. Este levantamento apontou até o momento 185 espécies de aves, 19 espécies de mamíferos terrestres, 10 espécies de morcegos, 16 espécies de anfíbios e 8 de répteis. Foram utilizados diferentes métodos de monitoramento de acordo com o grupo estudado. Para a Herpetofauna (estudo dos répteis e anfíbios) foram utilizados os métodos:

Busca ativa
As amostragens tiveram duração de 9 h por dia (5 h no período diurno e 4 h no noturno). Este método consiste em percorrer os pontos amostrais procurando ativamente por espécies, cobrindo um terreno significativamente maior e mais diversificado. Assim é possível vistoriar uma maior diversidade de habitats e seus microhabitats, como galhos das árvores, serrapilheira, troncos caídos, ocos de árvores, reentrâncias de pedras, bromélias, riachos, brejos, lagoas e poças temporárias.

Vocalização
Algumas espécies de anfíbios podem ser identificadas pela vocalização que é específica. Neste caso, um indivíduo é registrado pela vocalização, mas não é observado.

Armadilha de queda
Foram montadas em cada ponto amostral três linhas de armadilhas de queda com baldes plásticos de 60 litros e com cercas de desvio. As três linhas de armadilhas instaladas totalizaram juntas 18 baldes e aproximadamente 80 metros de extensão e permaneceram ativas durante os sete dias de campo.

Para o estudo da Avifauna (estudo das aves) foram utilizados os métodos:

Pontos de escuta
Em cada ponto foi determinado um percurso padronizado onde eram estabelecidos cinco pontos de escuta equidistantes cerca de 200 m, visando evitar a sobreposição de espécies amostradas. Foram dedicados 10 minutos de parada em cada ponto de escuta, buscando identificar e mensurar os indivíduos ali visualizados ou escutados, desde que situados dentro de um raio de até 50 metros do pesquisador. O percurso foi percorrido a partir do amanhecer, anotando todas as espécies visualizadas e escutadas, pelo menos um dia em cada sítio de amostragem.

Transectos
Este método consiste em realizar um percurso padronizado com o auxílio de binóculo e gravador, registrando as espécies observadas. Pode-se também emitir um som gravado para atrair visual ou em resposta sonora, espécies mais difíceis de localizar com outros métodos. Informações adicionais, como número de indivíduos, estrato onde a ave estava e sexo, quando possível, também foram registrados, sempre acompanhando o período de maior atividade das aves, entre 6 h e 10 h e, para identificação de espécies crepusculares e noturnas, entre 16 h e 20 h.

Captura e anilhamento
Para a captura das aves foram utilizadas 10 (dez) redes de neblina 12 x 3 m e de malha 30 mm, montadas em linha, em cada um dos pontos de amostragem, as quais foram mantidas abertas continuamente durante os períodos de pico de atividade das aves, entre 6 h e 10 h e das 16 h às 22 h, totalizando 10 horas/dia, o que equivale a 10.800h/m² de esforço total de captura por campanha.

Para o grupo de Mastofauna (estudo dos mamíferos) as técnicas utilizadas foram as armadilhas de contenção, armadilhas de queda (pitfall) e, visando privilegiar métodos de observação, a busca por vestígios em substrato natural, além de câmeras fotográficas disparadas automaticamente (camera traps), censo por observação direta e indireta e redes de neblina para captura de morcegos.

Para cada área de amostragem foi implementado um transecto (trilhas já existentes e outras abertas pela equipe), onde foram colocados dois tipos de armadilhas, sendo 15 (quinze) do tipo sherman e 15 (quinze) do tipo tomahawk, totalizando 90 armadilhas no total.

A mesma preocupação foi tomada em relação à preservação da Ictiofauna (estudo dos peixes) a barragem conta com um canal para transposição dos peixes e os técnicos da Atol constataram a existência de uma grande diversidade de peixes no Rio Capivari Mirim. Cerca de 550 peixes foram capturados e soltos durante o levantamento, sendo os de maior ocorrência lambari, tambiú, ximboré, piava, piaba, peixe cachorro, peixe cadela, traíra, saguiru, mato grosso, tuvira, itui, cascudo, lebiste, cará, coridora e mandi chorão.

O objetivo do monitoramento é verificar a condição da fauna local e o quanto a obra irá impactar na população faunística. A empresa também é responsável pelo manejo e salvamento dos animais durante a supressão da vegetação, visando à diminuição dos impactos ambientais. 

Um comentário:

Eliana Belo disse...

Caro Kleber, através deste seu post quero manifestar minha satisfação com esse projeto do SAAE. Sei que esse acompanhamento da fauna deve estar relacionado aos impactos ambientais causados pela represa (o que é ruim). Mas as políticas públicas precisam definir e "pagar para ver" quando um impacto ambiental é menor do que um grande impacto social, que é a falta de água (o que é bom). Mesmo optando pelo impacto (e perdendo votos de ambientalistas) as políticas públicas podem fazer termos de ajustes de condutas, como repor a vegetação nativa e preservar a fauna. Espero que eu não esteja me antecipando em minha satisfação e que realmente esse projeto continue, seja um sucesso. Eu ainda creio que dá para conciliar o antigo com o novo, a tecnologia com a natureza. Basta focar. É um exemplo contrário do desastre que vimos em Mariana (uma tragédia anunciada milhões de vezes). Também em Viracopos, onde uma empresa de consultoria ambiental foi fazer a análise do cerrado campineiro nativo do local (praticamente vizinho desde, que está narrado em seu post) e acho UM SAPO MACHO. Apenas UM SAPO MACHO, tudo para declarar que aquele projeto de expansão megalomaníaco poderia ser feito sem impactos ambientais. Chato quando nos tratam como tolinhos, não é? Quero que daqui há algum tempo nossa Indaiatuba ganhe prêmios por esse projeto. esse prêmio sim, digno de MUITA notoriedade.