Um pedaço da África que fala português, com belas praias e
belezas naturais, mas também uma conturbada história de guerra civil.
Moçambique, país que se tornou independente de Portugal em 1975, é o próximo
destino internacional da equipe do Núcleo
de Cinema de Animação de Campinas, que desembarca na capital, Maputo, no
começo de julho, para participar do Kugoma
2015, a 6ª edição do Fórum de Cinema
de Curta-Metragem de Moçambique.
O festival tem a proposta de aproximar o cinema das
populações, tornando acessíveis trabalhos cinematográficos que não estão
disponíveis nas salas comerciais e nem no mercado de DVD nacional. A ideia é
recriar o hábito de cinema no bairro, mesclando formatos de exibição
tradicionais com salas de projeção ao ar livre nos bairros, contribuindo para a
formação de um novo público.
Na programação do evento, no dia 6 de julho, haverá a
exibição do longa-metragem brasileiro em formato de animação, Café, um dedo de prosa, do diretor
Maurício Squarisi. O filme se desenrola a partir do encontro de um casal de
amigos apaixonados por café que vão até uma cafeteria e iniciam uma conversa
cheia de informações sobre a bebida, cuja história passa pela África, Portugal
e Brasil. “O filme já foi exibido num
festival de animação em Lisboa e a recepção foi muito boa. Foi muito
interessante ver como nossa história era conhecida pelos portugueses e vamos
ver agora a recepção entre os africanos”, comenta o diretor, que visita
pela primeira vez o país. Além da exibição de seu longa-metragem, Maurício vai
a Moçambique, junto a Wilson Lazaretti e Filipe Miranda, do Núcleo de Cinema de
Animação de Campinas, para a 3ª Oficina de Cinema e Animação, na Escola
Nacional de Artes Visuais (ENAV). Os brasileiros irão comandar oficinas de
desenho animado, sombra chinesa e brinquedos ópticos.
Wilson Lazaretti já esteve em Moçambique, no ano de 2014, no
mesmo festival e trouxe boas recordações, especialmente das pessoas. “Embora a violência e pobreza sejam
realmente visíveis, como é aqui no Brasil também, minha primeira experiência
com oficinas por lá foi muito gratificante. Nossas histórias têm raízes comuns
e estar lá pessoalmente foi emocionante para mim”, relembra.
Café, um dedo de Prosa
Café, um dedo de prosa,
longa metragem em animação de Maurício Squarisi, conta de modo leve e bem
humorado a história do café e mostra sua importância na história do Brasil. O
filme, de 72 minutos, é resultado de cinco anos de trabalho e teve uma
pré-estreia internacional em março, no Monstra – Festival de Animação de
Lisboa, um dos mais importantes eventos da animação mundial. No Brasil, fez uma
pré-estreia na cidade de Itu/SP e foi exibido em algumas sessões especiais. Com
contrato com a Polifilmes, deve ter lançamento comercial no segundo semestre.
A obra começou a ganhar vida em 2009, quando Squarisi
conheceu o livro História do Café,
que serviu de base e inspirou o roteiro. A autora, a historiadora Ana Luiza
Martins, foi também a consultora e revisora histórica do filme. O enredo se
desenrola a partir do encontro de um casal de amigos, Wandi Doratiotto e Vera
Holtz. Apaixonados pela bebida, eles se encontram em uma cafeteria e iniciam
uma conversa agradável e recheada de informações históricas, mas apresentadas
de forma leve, descontraída e bem humorada, que torna a obra acessível até
mesmo para o público infantil.
Nascido em Campinas, cidade do interior de São Paulo onde o
café teve papel relevante, Maurício Squarisi tem uma longa carreira no mundo da
animação: são dezesseis filmes como diretor, além de participação em dezenas de
outros trabalhos como produtor, animador e colaborador. Ao lado de Wilson
Lazaretti, é um dos fundadores do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, que
já tem 40 anos de história e mais de 300 curtas no currículo, entre obras
autorais e produzidas em oficinas de animação ministradas principalmente em
escolas públicas.
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