Foto: divulgação. |
A artista plástica Vera
Ferro vai além da exposição de seus trabalhos na mostra Tratado
de Vida e Sobrevida, que será aberta no dia 28 de maio, às 19h, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas
José Pancetti (MACC). A artista
interage com o público e explica sobre processos criativos de gravura em metal,
linóleo-gravura, desenhos, carimbos e outras técnicas utilizadas. Esta exposição
mostra diversas formas de expressão, que podem ser impressas em diferentes
meios de reprodução. O MAAC fica um edifício anexo ao Palácio dos Jequitibás,
fica na Rua Benjamin Constant, 1633, Cambuí. Informações pelo telefone (19)
2116-0346.
A exposição é formada por cinco séries temáticas: Tratado de Vida e sobrevida (gravuras em
metal), Tratado de parasitologia (40
obras em linóleo-gravuras sobre páginas de livros antigos), Atmosfera Anóxia (18 páginas de um livro
antigo no Nepal contando a História de Buda), Jogo de entomologia (objeto interativo em madeira e
linóleo-gravura) e Corrosão (carimbos
e desenhos sobre cheques e 9 desenhos de insetos sobre livro de mapas antigos)
.
Três outros livros compõem a exposição: Pressão e Reparação (livro de artista, tipo sanfona, com desenhos
em grafite e aquarelas); Males e Flores do Mal (livro de poemas de
Baudelaire Fleurs du mal, com
interferência de impressões de
linóleo-gravura em montagem especial com
9 fotos das páginas internas) e um pequeno livro com desenhos.
Vera Ferro realizará quatro encontros com o público nas
quartas-feiras de junho (dias 3, 10, 17 e 24), sempre das 14h às 16h30,
realizando uma visita guiada para explicar sobre as obras e sobre os processos
criativos. A exposição ficará na sala do meio do MACC pelo período de um mês,
até o dia 28 de junho (de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, aos sábados, das
9h às 16h e, aos domingos e feriados, das 9h às 13h). A entrada é franca. A
mostra faz parte do Projeto Expressão e Impressão e tem o patrocínio do FICC -
Fundo de Investimentos Culturais do Município de Campinas. O FICC é um fundo
pertencente à Secretaria de Cultura de Campinas destinado a apoiar projetos
estritamente culturais.
Simbolismo
Em Tratado de Vida e Sobrevida,
Vera Ferro reflete e se expressa sobre o que considera as pragas da atualidade,
como o terrorismo, a violência, a desonestidade, a intolerância, as drogas e
sobre a nossa voluntária prisão total aos meios tecnológicos.
“Como passar um dia
sem o celular, e-mail, Facebook e WhatsApp? Como educar as crianças para terem um equilíbrio no uso destes meios
de comunicação maravilhosos e aterradores?
Nas minhas obras, os besouros, moscas, gafanhotos e aranhas personificam
estas pragas da atualidade”, diz. Outros trabalhos remetem às reflexões
sobre amor, vida e morte, tendo como foco o coração, órgão do amor, responsável
pela circulação do sangue por todo o nosso corpo, nos mantendo vivos.
“Criar é risco, viver
é risco, a arte é risco. Nesta mostra Vera Ferro arrisca-se tornando visível e
presente o que a comove. As pragas de nossos dias podem corroer como ácido,
disseminar-se, proliferar no corpo, em outros corpos, nas rotinas cotidianas,
nas relações entre pessoas e povos. São epidemias de intolerância, violência e corrupção. Insetos
comem o dinheiro, invadem territórios. Traças corroem tesouros antigos. É a
vida e sua efemeridade”, explica a organizadora da exposição, Ana Helena
Grimaldi. “O desejo de enfrentar e
sobreviver às pragas, pensando suas consequências, questionando suas causas, é
a força simbólica da vida sobre a morte. É a sobrevida das veias que pulsam, do
sangue que irriga e revive o coração. Trata-se da preciosidade do tempo.
Trata-se da resiliência. Trata-se do desejo de reparação”, acrescenta.
Técnicas de impressão
“Técnicas, como
desenho em grafite e carimbos, por serem materiais usados pelas crianças,
acabam, muitas vezes, desvalorizadas pelo público. Nesta mostra pretendo fazer
com que o público veja com novos olhos estas mídias aparentemente fáceis de
usar nos trabalhos de arte, mas que são bem difíceis e sofisticadas”,
explica a artista. Vera destaca que as máquinas copiadoras usadas no cotidiano
com tanta facilidade dificultam a compreensão para o público leigo do que é a
gravura em metal. Preparar a matriz com inúmeras técnicas até seu resultado
final, entintar e limpar a placa, preparar o papel, molhando e secando e,
depois, passar pela prensa, repetindo a operação a cada impressão, torna o
processo tão longo e demorado que dificilmente se adequa aos nossos dias
corridos e agitados. “Isto tudo torna a
gravura um processo único que a mantem atual através dos séculos”, lembra a
artista.
No Ocidente, os ouvires e artífices em metal foram,
provavelmente, os primeiros gravadores e impressores de suas placas. A gravura
em metal foi usada para possibilitar a reprodução fiel de desenhos e pinturas
de grandes mestres, como Dürer, Piranesi, Rembrandt, Goya e Blake, entre
outros. Somente no século XIX a gravura em metal ganhou autonomia, desligada do
simples processo de reprodução. Essa autonomia enriqueceu, inclusive, os
processos e as técnicas. Desde então, a gravura em metal entrou em franco
desenvolvimento, conquistando, nas artes gráficas, o seu lugar de destaque.
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