Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

segunda-feira, 6 de abril de 2015

“Plínio Marcos: 80 anos de escrita maloqueira”

Celebrar oito décadas de Plínio Marcos é reencontrar o couro, a lama e as lâminas de seus textos. É desfrutar, refletir e se guiar pelas rinhas que esse poeta, ancestral dos escritores das periferias, acendeu ainda mesmo na Baixada Santista, de onde subiu pra lutar com palavras e cenas mesclando a crença na grandeza do ser humano e o nojo com a ganância e os chicotes, traçados tanto nos altos gabinetes como nas mais capengas cabanas.

Plínio sacudia as entranhas e as remelas de seus personagens, combinando compaixão e estupor. Mas, além das suas tantas peças já clássicas, esse escritor, ex-palhaço e varzeano também assinou crônicas impiedosas com o Poder e versou junto com os grandes sambistas paulistanos, rodando pelas beiradas e miolos da cidade. Criativa, satírica, dolorosa, ativando suspenses e comédias, sua linguagem foi muito além de um mero transporte de gírias para o papel e para a interpretação, contemplando na sanha das esquinas e dos galpões de obras, os buracos e conflitos mais dolorosos e essenciais da alma das gentes das quebradas.

Para mergulharmos em sua arte, a Biblioteca Mario de Andrade apresenta a semana Plínio Marcos - 80 anos de escrita maloqueira, sob curadoria do escritor Allan da Rosa, com debates, leituras dramáticas e oficinas entre escritores, poetas, atrizes e pesquisadores das quebradas, além de projeção de filmes e shows com sua musicália e poesia.

Haverá também uma banca de vendas de livros do Plínio, da reserva especial de sua família, com o Edson Lima, do projeto O Autor na Praça, do qual o Plínio é o padrinho (e cujo nome empresta ao espaço, uma tenda na Feira de Artes da Praça Benedito Calixto) e começou com ele em maio de 1999. Além disso, o evento terá o livro Plínio Marcos, a crônica dos que não tem voz, de Fred Maia, Javier Contreras e Vinicius Pinheiro.

Programação
07/04
19h: Projeção do filme Plínio Marcos nas quebradas do mundaréu, de Julio Calasso
Bate-papo com o diretor

08/04
19h- A nova guarda maloqueira apresenta o escritor das quebradas
Leitura de Oração para um pé de chinelo, com Lucelia Sergio (Cia. Os Crespos) e Allan da Rosa
Bate-papo:
Akins Kinte amarga e salga com Inútil canto, inútil pranto pelos anjos caídos
Jenyffer Nascimento traz os urros e esperanças de Navalha na carne
Walner Danziger dichava os farrapos de A dança final

09/04
19h: A nova guarda maloqueira apresenta o escritor das quebradas
Leitura de O abajur lilás, com Martinha Soares (Teatro Clariô) e Allan da Rosa
Bate-papo:
Sonia Bischain abre a Brasilândia presente em Na Barra do Catimbó
Michel Yakini Piritubarte arde a vista com Prisioneiro de uma canção
Raffaella Fernandez traz as vergonhas encarceradas de A mancha roxa

10/04
19h, na Ocupação São João – Avenida São João, 588
Oficina: A letra presepeira de Plinio e o direito à moradia, com Ruivo Lopes.

E na Biblioteca Mario de Andrade:
22h: Projeção de Querô, filme de Carlos Cortez
0h: Peça teatral: Dois perdidos numa noite suja (Companhia Benditos Malditos), com Douglas Lima e Lucas Wickhaus. Direção: Douglas Lima
02h: Show com Leo Lama
03h: Peça teatral: Quando as máquinas param, com Darília Lilbé e Arce Correia. Direção de Max Muratorio.
04h30: Roda de samba Nas quebradas do mundaréu - Plínio Marcos em prosa e samba, com o Bando da Garoa e Kiko Barros.

Para mais informações, o telefone da Biblioteca Mário de Andrade é (11) 3775-0002 e o website, www.bma.sp.gov.br.

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