Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

‘Fractais’, por Gregorio Vivanco Lopes

Um amigo enviou-me uma série de imagens de fractais, dos quais pouco se fala. A primeira sensação de extrema beleza que experimentei ao contemplar as fotos dos fractais ficou enriquecida quando eu soube que eles são, a seu modo, uma imagem do Universo criado. E, portanto, uma imagem de Deus.
Os fractais são formas geométricas que se caracterizam por repetir indefinidamente um determinado padrão, com ligeiras e constantes variações. O termo fractal foi criado em 1975 por Benoît Mandelbrot, matemático francês nascido na Polônia, a partir do adjetivo latino fractus (irregular, quebrado).
A geometria fractal é utilizada para descrever diversos fenômenos na natureza para cuja interpretação são insuficientes as geometrias tradicionais. "Nuvens não são esferas, montanhas não são cones, continentes não são círculos, um latido não é contínuo e nem o raio viaja em linha reta", diz Mandelbrot.
A ciência dos fractais apresenta estruturas geométricas de grande beleza e complexidade, ligadas às formas e cores da natureza e do Universo. Os fractais naturais estão à nossa volta; basta observarmos as nuvens, as montanhas, os rios e seus afluentes, os sistemas de vasos sanguíneos, os feixes nervosos etc.
Foto: divulgação.
Podem eles ser identificados, por exemplo, nas árvores, nos brócolis, nos mariscos, na samambaia, nas nuvens e em múltiplas estruturas de seres materiais, cujas ramificações constituem variações de uma mesma forma básica e de sua cor. Quando vistos através de uma lente de aumento, é possível perceber a semelhança entre suas diversas partes, em diferentes escalas.
Os fractais exprimem um superior princípio de unidade na variedade. Uma variedade de formas e de cores tão extensa que é levada quase ao infinito sem nunca perder seu padrão de unidade. Eles refletem a ideia de onipresença por terem as características do todo multiplicadas dentro de cada parte.
A partir dos fractais podemos ter uma ideia – limitada, é claro, mas muito rica – do Universo como imagem de Deus, pois os aspectos variam e se multiplicam, na prática indefinidamente, mantendo, entretanto, a unidade fundamental de sua forma.
Cada fragmento possui as características do todo, sucessivamente multiplicadas. Ou seja, cada partícula possui de algum modo, dentro de si, a totalidade do ser de que ela faz parte. Um pouco como o átomo, que de alguma maneira reproduz a ordem do Universo sideral.
Constituindo um ramo das ciências matemáticas –– uma “geometria da natureza”, como tem sido designado –– o estudo dos fractais fornece elementos preciosíssimos para o conhecimento do Universo enquanto imagem do Criador. E esses elementos vão especialmente na linha do belo.
Se a ciência tivesse progredido na procura sobretudo da beleza do Universo e não tanto da utilidade da matéria bruta, talvez tivéssemos sido poupados de muita fumaça e poluição, muito barulho e tanto cimento. O aspecto espiritual do Universo teria sido muito mais salientado e através dele poderíamos ter um conhecimento mais profundo e mais rico das perfeições do Criador.
Se, apesar de meu esforço, não consegui passar ao leitor uma ideia suficiente do que são os fractais, não se preocupe. Contemple as fotos – e elas dizem muito mais do que eu saberia dizer.

Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da Agência Boa Imprensa.

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