Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

terça-feira, 3 de junho de 2014

70 anos de Henfil são celebrados em São Paulo

Se estivesse vivo, o cartunista Henfil, criador de personagens como Graúna, Os Fradins e Zeferino e outros, teria completado 70 anos no dia 5 de fevereiro de 2014. Para celebrar a vida deste gênio e expoente maior do humor gráfico brasileiro, o projeto O Autor na Praça, em parceria com o Instituto Henfil, Cursinho Henfil (Henfil – Educação e Sustentabilidade), Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado de São Paulo e Associação dos Cartunistas do Brasil, promovem em São Paulo eventos em homenagem ao Rebelde do Traço (título da biografia escrita por Dênis de Moraes). A celebração começou no sábado, dia 31 de maio no Espaço Plínio Marcos (na Feira de Artes da Praça Benedito Calixto) e continua na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (Rua Rêgo Freitas, 530 - sobreloja no centro de São Paulo). Ontem, dia 2 de junho houve a abertura da exposição Henfil 70 anos - Morro mas meu desenho fica e estão programadas outras atividades nos dia 5 e 6 de junho, enquanto a exposição permanecerá na sede do sindicato até 30 de junho. Veja a programação e outras informações abaixo:

Na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo – De 2 a 27 de junho:
Dia 2 de junho, segunda-feira, as 19h30 – abertura da exposição de 22 banners com tirinhas e charges do cartunista Henfil, que foi montada em fevereiro no Museu da República no Rio de Janeiro, em cartaz no Sindicato até 27 de Junho. Na ocasião haverá uma mesa de bate papo com Ivan Consenza (filho de Henfil), Rose Nogueira (jornalista e amiga do cartunista), José Augusto de Oliveira Carmo, “Guto” (presidente do Sindicato dos Jornalistas) e Mateus Prado (presidente de Honra do Henfil – Educação e Sustentabilidade - Cursinho Henfil). As revistas da Coleção Fradim estarão disponíveis para venda durante o evento. São 31 revistas que foram relançadas este ano como parte da comemoração dos 70 anos do cartunista. Todas foram publicadas originalmente pelo Henfil ao longo da década de 1970, com coletâneas de historinhas dos fradins Cumprido e Baixim e da Graúna junto com a Turma da Caatinga. Junto com a exposição haverá uma mostra de charges e textos do Henfil que fazem parte do acervo do Sindicatos dos Jornalistas.

Dia 5 de junho, quinta-feira, as 19h30 – Mesa de bate papo sobre o cartunista Henfil e sua arte, com a presença de seu amigos e cartunistas JAL (presidente da ACB – Associação dos Cartunistas do Brasil), Claudio Oliveira (lançado por Henfil), José Luis Ohi e Paulo Caruso.

Dia 6 de junho, sexta-feira, exibição dos filmes:
18h30 – Henfil - Profissão Cartunista, direção de Marisa Furtado de Oliveira
19h30 – Tanga – Deu no New York Times, escrito, roteirizado e dirigido por Henfil  

Local: Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado de São Paulo – Rua Rego Freitas, 530 – Sobreloja. Informações: (11) 3217-6299 e (www.sjsp.org.br).

Sobre Henfil - Pseudônimo de Henrique de Souza Filho. Nasceu em 5 de fevereiro de 1944, em Bocaiúva (MG), falecendo em 4 de janeiro de 1988, no Rio de Janeiro, aos 43 anos. Começou trabalhando na revista Alterosa, depois foi para o Diário de Minas. Mudou-se para São Paulo, que satirizava como "sul maravilha" a região sudeste. Foi colaborador de O Pasquim (1969). Em 1970 lançou a revista Os Fradinhos, seus personagens mais famosos e que possuem sua marca registrada: um desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros e que retratavam a situação nacional da época. Sua importância na História em Quadrinhos no Brasil se deve à renovação que trouxe ao desenho humorístico nacional. Henfil se destacou principalmente na produção de tirinhas, cartoons e charges com temáticas políticas e sociais, especialmente na edição das revistas dos Fradins, mostrando que era possível contar boas histórias com traços simples, transformando as mazelas da sociedade em piadas críticas e libertárias. Criou tipos com seu traço característico: Zeferino, Bode Orellana, os Fradins, Orelhão, Urubu, Pó de Arroz, Bacalhau, Ubaldo o Paranóico. Porém, a Graúna foi seu maior sucesso de público. Henfil atuou, ainda, em teatro, cinema, televisão e literatura, tendo sido marcante sua atuação nos movimentos políticos e sociais do Brasil. Trabalhou com várias mídias, escreveu para o teatro, escreveu e dirigiu o filme Tanga – Deu no New York Times, produziu quadros na TV, escreveu livros. Tentou trabalhar nos Estados Unidos, mas seu estilo agressivo não agradou, uma vez que seu trabalho talvez fosse mais voltado para as revistas underground do que para os leitores de jornais, de conservadoras famílias americanas. Voltou para o Brasil e escreveu mais um livro. Hemofílico, foi vítima da incompetência dos governantes que levaram a saúde ao caos: numa transfusão de sangue, em um hospital público, contraiu o vírus da AIDS e faleceu em decorrência da doença no auge da sua carreira, quando conquistou espaço nos principais jornais do País, no final da ditadura que tanto combateu.
Realização: O Autor na Praça, Instituto Henfil, Henfil – Educação e Sustentabilidade (Cursinho Henfil), Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado de São Paulo, Edson Lima & AAPBC. Apoio: ACB – Associação dos Cartunistas do Brasil, Max Design, Enlace-Media, Restaurante Consulado Mineiro e O Cantinho Português (Barraca de comida portuguesa na Feira da Benedito Calixto).

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