O Autor - A estreia de Mário Lago aconteceu em março de
33, como autor teatral. A maior parte de suas peças foi escrita nas décadas de
40 e de 50, para o chamado Teatro de Revista e para atores como Araci Côrtes,
Elza Gomes, André Villon, Oscarito e Armando Nascimento. No início dos anos
1970, escreveu sua última peça teatral: "Foru Quatro Tiradentes na Conjuração Baiana", sobre a Revolução dos Alfaiates, na Bahia.
Proibida pela censura, teve uma única leitura pública, com participação do
próprio Mário, ao lado dos atores Oswaldo Loureiro, Wanda Lacerda, Francisco
Milani e Milton Gonçalves, entre outros. Também escreveu roteiros e argumentos
para o cinema; entre eles, o do filme Banana da Terra (1939), em parceria com João de Barro, o Braguinha.
O Compositor - Na música, estreou em 1936, com a marchinha Menina, eu sei de uma coisa, primeira parceria com Custódio Mesquita. O sucesso viria dois anos
depois, com Nada além, da mesma
dupla, na gravação de Orlando Silva. Sozinho, ou em parceria com nomes como
Ataulfo Alves, Chocolate, Roberto Roberti, Roberto Martins, Benedito Lacerda,
Elton Medeiros e João Nogueira, Mário compôs sucessos como Amélia, Atire a
primeira pedra, Aurora, Dá-me tuas mãos, Enquanto houver saudade, Fracasso,
Será e Número um.
O Ator - Em 1942, estreou como ator de teatro, onde criou
personagens de grande repercussão, como o Aprígio, no clássico O Beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues. No cinema, atuou em alguns dos principais filmes
brasileiros, como O Padre e a Moça,
de Joaquim Pedro de Andrade, Os Herdeiros, de Cacá Diegues, O Bravo guerreiro, de Gustavo Dahl e Terra em transe, de Glauber Rocha. A popularização do ator veio com as novelas, a
partir de 1966, destacando-se suas atuações em O Casarão, de Lauro César Muniz, Nina, de Walter George Durst e Dancing Days, de Gilberto Braga, trabalhos que lhe
renderam dois prêmios de Melhor Ator da Associação Paulista de Críticos de
Artes e um Golfinho de Ouro. Seus últimos papéis na TV foram a minissérie Hilda
Furacão (1998), de Glória Perez,
interpretando o velho boêmio Olavo, o especial Enquanto a Noite não Chega, em dezembro de 2000 e uma participação
especial na novela O Clone, de Glória
Perez, revivendo o personagem Dr. Molina, de Barriga de Aluguel, da mesma autora. Mário Lago gravou a
novela no final de 2001, seis meses antes de falecer.
O Radialista - No rádio, foi ator, autor de novelas, produtor e
diretor. Seu trabalho mais conhecido foi a série Presídio de Mulheres, que escreveu para a Rádio Nacional e que liderou a audiência da
emissora durante cinco anos seguidos. Em 1964, com o golpe militar, Mário Lago
foi demitido da Nacional.
O Escritor – Autor de onze livros, Mário estreou com a
coletânea de poemas políticos O Povo Escreve a História nas Paredes.
Poeta e escritor, sua produção literária inclui os títulos Chico Nunes das
Alagoas, Na Rolança do Tempo, Bagaço de Beira Estrada, Rabo da Noite, Meia Porção de Sarapatel, Manuscrito
do Heróico Empregadinho de Bordel, Segredos
de Família e o infantil Monstrinho
Medonhento, seu maior sucesso editorial.
Deixou um livro inconcluso, dedicado às memórias das boas “molecagens” que
praticou ao longo da vida. Leia trechos do livro
inédito no link www.mariolago.com.br/livro.php.
O Militante - Desde jovem, Mário se dividiria entre o trabalho
artístico, uma intensa atividade política e a boemia. A participação política
lhe rendeu seis prisões, a primeira em janeiro de 1932 e a demissão da Rádio
Nacional, em 1964, o que resultou em quase um ano de desemprego. Na época do
golpe militar, era procurador do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro,
um dos mais combativos do país. Mário participou de várias campanhas em defesa
dos direitos humanos e do patrimônio do país, como O Petróleo é Nosso, Contra as Armas Nucleares, Campanha
da Paz (durante a II Guerra), Anistia (décadas de 40 e 70), Contra a Censura, Diretas Já, Pela Condenação dos Assassinos de Chico Mendes, etc. No século XX, não há registro de
movimento político do gênero que não tenha tido o apoio e a participação direta
de Mário Lago. Curiosamente, jamais foi filiado a qualquer partido. A partir de
1989, passou a dar apoio e militância ao PT, mas sem vínculo de filiação.
Para outras
informações sobre Mário Lago, recomendo uma visita ao site www.mariolago.com.br.
Fonte: Edson Lima - O Autor na Praça.
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