Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Tarde de autógrafos com Moacir Assunção n'O Autor na Praça

O jornalista Moacir Assunção é o próximo convidado do projeto O Autor na Praça. Ele estará no Espaço Plínio Marcos no próximo sábado, dia 8 de agosto, às 15h, em tarde de autógrafos de seu livro mais recente, São Paulo deve ser destruída – a história do bombardeio efetuado pelo governo federal à cidade para sufocar a revolução dos tenentes de 1924. Na mesma tarde, será lançada uma nova proposta para o Espaço Plínio Marcos em parceria com o ator Robson Moreira, do Grupo Sujeitos de Cena: Robson fará intervenções teatrais de textos de autores diversos, como Dostoiévski, Antonín Artaud, Clarice Lispector, Marta Baião e do próprio Robson Moreira, entre outros. Mais informações sobre os convidados e o livro abaixo na página do evento no Facebook.   

Sobre o livro
No dia 5 de julho de 1924, oficiais tomam os principais quartéis de São Paulo, a Estação da Luz e a repartição do Telégrafo Nacional e atacam o Palácio dos Campos Elísios, sede do governo estadual. Quatro dias depois, em meio a combates com as forças legalistas, o presidente (governador) Carlos de Campos deixa a cidade e rebeldes começam a saquear armazéns e a tomar outros quartéis e pontos estratégicos. No dia 11 de julho, São Paulo começa a ser bombardeada por canhões, principalmente na região da Mooca, Brás, Aclimação, Belenzinho e a Luz. Civis são mortos nos ataques, prédios são incendiados e a população inicia um dos maiores êxodos da história do país. A história dessa revolução, que durou pouco menos de um mês, é contada em detalhes no livro São Paulo deve ser destruída, do jornalista Moacir Assunção, lançado no mês de abril pela Record.

Liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, a revolta de 1924 tinha como objetivo derrubar o governo do então presidente Artur Bernardes. Contrariados com a política do mineiro, enfrentando a carestia e influenciados por revoltas tenentistas em outros estados, os rebeldes planejaram tomar o Rio de Janeiro, capital da República, com o apoio de quartéis de Minas. Acuada pelo poderio militar do governo e pelos ataques aéreos a regiões residenciais e fabris, a revolta acabou com 503 mortos e 4846 feridos, na maior parte civis que nada tinham a ver com o conflito, espalhou fome e miséria e deixou cerca de 1800 imóveis destruídos na cidade. Em arquivos públicos e de jornais da época, além de uma extensa bibliografia, o autor encontrou vários depoimentos de civis que sofreram com os ataques. Muitos dos atingidos eram imigrantes, principalmente italianos. Para Moacir Assunção, o fato de legiões estrangeiras terem se juntado às tropas rebeldes, além do temor de que a influência de anarquistas e comunistas entre os operários resultasse numa revolução social, levou o governo a uma reação desproporcional nas regiões atingidas. Na época, São Paulo possuía cerca de 700 mil habitantes, dos quais quase 300 mil fugiram do conflito, muitas indústrias e era a segunda capital mais importante do Brasil, depois do Rio, capital da República. “O bombardeio foi um hediondo crime de guerra, talvez a maior batalha em solo urbano da América Latina e demonstrou o uso político do Exército, que vai se acentuar depois. A utilização do chamado bombardeio terrificante, que os exércitos alemães também fizeram uso na I Guerra Mundial, é um absoluto despropósito, ainda mais sabendo que do outro lado não haviam adversários, apenas civis. O Exército temia enfrentar um outro Canudos, dessa vez com adversários armados inclusive com armas de destruição em massa, como a artilharia, e optou por uma tática bastante danosa e covarde para enfrentar seus inimigos. Na verdade, a população civil é que foi vítima dessa tática, conforme o demonstram todos os estudos. Quase não houve ataques a instalações militares onde estavam os rebeldes”, afirma o autor. Duramente reprimida após a retomada da cidade, a geração da revolta de 1924, para o autor, “ajudou a formar os quadros e o jeito de ser da política brasileira até meados da ditadura militar de 1964”. Segundo Moacir Assunção, “formou-se naquela época, também, o gérmen de um poderoso estado policial no país, que se consolidaria durante o Estado Novo getulista e a ditadura militar de 1964.” 280 págs., R$45,00, Editora Record.

Sobre Moacir Assunção
É mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É jornalista profissional diplomado, com passagens pelos jornais O Estado de S. Paulo, Diário Popular (atual Diário de S. Paulo) e Jornal de Brasília, pós-graduado em Ciências Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e professor dos cursos de Comunicação Social, Administração de Empresas e Gestão de Recursos Humanos da Universidade São Judas Tadeu (USJT), em São Paulo. Especializado em temas históricos, atua como colaborador das revistas Aventuras na História, Digesto Econômico e Jornal do Comércio. Também é assessor de gabinete no Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP). É autor dos livros Ficha Limpa: a lei da cidadania; Luiz Carlos Prestes: um revolucionário brasileiro e, pela Editora Record, Nem heróis, nem vilões, sobre a Guerra do Paraguai e Os homens que mataram o facínora: a história dos grandes inimigos de Lampião, tendo sido este último finalista do Prêmio Jabuti em 2008. No Facebook: https://www.facebook.com/moacir.assuncao?fref=ts.  

Sobre o projeto Intervenções Teatrais no Espaço Plínio Marcos
Neste mês de agosto o Espaço Plínio Marcos oferece ao público da Praça Benedito Calixto mais uma novidade: o ator Robson Moreira, do Grupo Sujeitos de Cena, fará rápidas intervenções teatrais na Tenda, a partir de fragmentos de textos de autores diversos como Dostoiévski, Antonín Artaud, Clarice Lispector, Marta Baião e do próprio Robson Moreira, entre outros. As intervenções acontecerão em três momentos: às 16h, às 16h30 e à 17h. Ao final de cada intervenção será passado um chapéu para os que queiram colaborar com o artista, com o que acharem que devem e que podem.  
Sobre o ator Robson Moreira
É ator profissional e começou sua carreira em Vitória, em 1975, na Mostra de Teatro Universitário da UFES - Universidade Federal do Espírito Santo, com a peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, já sendo contemplado com o prêmio de melhor ator com o papel de "Chicó". Nos dois anos seguintes, também foi eleito melhor ator nos papéis de Mendigo em De como conquistar um coronel sem fazer força, de Milson Henriques, e do pedreiro Lucas em Muro de Arrimo, de Carlos Queiroz Telles. Ainda em Vitória,  fez Flicts, era uma vez uma cor, de Ziraldo, Papai Noel no bang bang, de Milson Henriques, e O Santo Inquérito, de Dias Gomes. Migrou-se para São Paulo em 1979, onde prosseguiu com sua carreira destacando-se em cartaz nos espetáculos Jato de Sangue, de Artaud, Ovo - Metáfora do Sacrifício Feminino, de Clarice Lispector, As Feras, de Roberto Arlt, De Profundis, de Oscar Wilde, e Dostoiévski no Armário e Ridículo, de Dostoiévski. Participou também dos filmes longas-metragens Topografia de um Desnudo, de Teresa Aguiar, e Um homem qualquer, de Caio Vecchio, além do curta Coletivo, de Fábio Lupo. Robson Moreira no Facebook: https://www.facebook.com/robson.moreira.1401?fref=ts.

Serviço:
O Autor na Praça promove tarde de autógrafos com o jornalista Moacir Assunção e intervenções teatrais com o ator Robson Moreira
Espaço Plínio Marcos – Tenda na Feira de Artes da Praça Benedito Calixto – Pinheiros
Dia 8 de agosto, sábado, 15h - Informações: Edson Lima – (11) 3739-0208 / 95030-5577
Realização: Edson Lima, Aapbc. Apoio: Max Design, Restaurante Consulado Mineiro e O Cantinho Português (barraca de comida portuguesa na Feira da Benedito Calixto). 

Nenhum comentário: