Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Projeto ‘Vidart’ completa 10 anos e prepara apresentação especial

Crédito: Arquivo Laís Fernandes - SCS/PMI.
Com saltos, cores, música, alegria e acrobacias. É assim que cerca de 750 alunos da rede municipal de Indaiatuba desenvolvem habilidades artísticas com o projeto de arte circense Vidart. Este ano, a Secretaria Municipal de Educação comemora os 10 anos do projeto e, para consagrar a data especial, haverá apresentações nos dias 12 e 13 de novembro às 19h30 no Ciaei (Centro Integrado de Apoio a Educação de Indaiatuba) com o espetáculo 10 Anos de Vidart. Nos dias 19 e 20 de novembro, os espetáculos foram marcados para as 19h com As Aventuras no Fundo do Mar, também no Ciaei.
Na ponta da história do Vidart está o sonho de um casal de professores, Jader Ferreira de Moraes e Fernanda Vignoto Scicia de Moraes. Eles elaboram o projeto de arte circense e o implantaram em 2004 na EMEB ‘Profª Eliazabeth de Lourdes Cardeal Sigrist’, no Jardim Morada do Sol. Mas antes de chegar ao Vidart, Jader iniciou sua história de acrobacias ainda criança. “Minha vida esportiva começou aos 9 anos de idade com a ginástica olímpica e fui evoluindo. Na fase adulta comecei a treinar na equipe de Campinas e foi lá que sofri uma grave lesão no joelho e fiquei em uma luta para continuar na área. Foi então que comecei com o trabalho de recreação e me liguei ao trabalho artístico, me especializando no assunto”, explica Jader. “Quando conheci minha esposa (Fernanda de Moraes), ajudava em um projeto de música para as crianças da EMEB Elizabeth Sigrist, com coreografias e malabares. Foi então que nos unimos como casal e ela me motivou a desenvolver um projeto somente de circo. A Fernanda ficou com a parte pedagógica do projeto e eu com a parte prática. Tudo se iniciou em agosto de 2004”, relata Jader.
Inicialmente os alunos escolhidos para o projeto eram dos 4º e 5º anos que apresentavam dificuldades de comportamento em sala de aula, como déficit de atenção e dificuldades motoras. Para permanecer no projeto era preciso apresentar bons resultados em classe. Todo começo é difícil e com o Vidart não foi diferente. “Trabalhava na época com praticamente uma mochila. Tinha bolinhas de tênis, uma perna de pau e um monociclo. Assim iniciei ensinando a parte primaria acrobática e foi dessa forma que o Vidart começou. Atendíamos 30 alunos por período sempre buscando aqueles com mais dificuldades sociais, indicações dos professores e alguns com baixa alta estima”, relembra o professor.
Em 2005 a proposta do projeto foi ganhando forma e a intenção era atender 20% da massa escolar. “Naquele ano o Vidart passou a fazer parte da rede municipal de ensino, incluindo o projeto no currículo escolar. A primeira atividade de encerramento de ano foi a ‘circo-olimpíadas’, onde os alunos faziam competições de bamboleado; perna de pau; corda jogando bolinhas de malabares; voltas com monociclo; corrida de tambor e corrida de rolo”, diz Jader.
Em 2006 os alunos do Vidart já estavam prontos para o primeiro espetáculo, com tema O Circo Novo; a história falava sobre uma garota que morava em um orfanato e queria sair dali, pois a governanta da casa era uma pessoa má. Em um dos sonhos, ela consegue sair do orfanato e chegar ao Circo Novo. No retorno da fantasia a garota se torna uma pessoa mais feliz e consegue transformar o mau em bom. “Com a chegada dos espetáculos, começamos a ganhar apoio da comunidade e os pais e familiares ajudavam na produção das fantasias e cenários. Muitos davam ideias para as apresentações e apoiavam o desenvolvimento artístico dos filhos. Mas em contraponto, também tinham familiares que não apoiavam o projeto e esse foi o grande desafio: mostrar para a comunidade que o Vidart, além de ser um projeto artístico, oferecia um ganho pedagógico e esportivo”, explana Jader de Moraes.
No ano seguinte, os alunos do projeto apresentaram no final no ano, como encerramento das atividades, o espetáculo Saltimbanco. A essa altura, o Vidart já alcançava cerca de 300 alunos. “Em 2007 trabalhei a questão da história do circo; como os artistas se encontravam e se apresentavam nas ruas. Em 2008 fizemos o espetáculo Vida, que falava sobre as mudanças climáticas. Naquele ano expandimos o Vidart para a EMEB ‘Profª Renata Guimarães Brandão Anadão’, de período integral”, esclarece Jader, que continua: “Em 2009 finalmente chegamos ao ápice das apresentações com o grande espetáculo África Mágica.
Aquele evento reuniu palhaços, malabares, acrobacias sobre andaimes, dança, trapézio, jump, tecido, barras de equilíbrio, pista acrobática, contorcionismo, monociclo, aro, roda de equilíbrio e pernas de pau em uma história envolvente. A aventura na África foi em torno do menino Kimbá, que brincando na floresta encontrou uma máscara com a cara de uma girafa. Mas ele não sabia que há milhares de anos essa máscara, que pertencia ao Rei da tribo Zulú, havia sido perdida após um ataque da Mama África no qual destruiu toda a tribo. Ao colocar a máscara em seu rosto, Kimbá viajava no tempo e encontra Zazú, um macaco feiticeiro que protegeu Kimbá na tribo de seus antepassados e o coroou como Rei. A coreografia foi de Jader Morais, Ednaldo Brasil, Jimena Zoppi, José Felipe Melussi, Fernando de Lima e Mônica Angelucci.
Em 2010 o espetáculo foi O vale Encantado da Terra do Nunca e o último ano de participação do professor Jader teve como tema O Pequeno Príncipe em 2011. A escolha do tópico aconteceu pela oportunidade de aproximar ao máximo a atividade pedagógica da atividade circense por meio de uma clássica obra literária. O livro Pequeno Príncipe aborda temas que são atuais, como a busca pelo conhecimento, a valorização do ser e os valores morais da construção do ser humano, o que o tornou um tema educativo. “Todas as histórias que eu desenvolvi tinham relação com o que eu sentia; sempre desejei ser pai e as histórias refletiam a busca por uma criança. O espetáculo do Pequeno Príncipe foi quando minha esposa ficou grávida e materializou a espera do meu pequeno príncipe. Esse foi meu último show”, revela Jader e continua. “Fico feliz em ver o Vidart do tamanho que está. Ainda colho frutos deste projeto e não pude continuar, pois atualmente tenho uma empresa a qual toma muito tempo. Minha maior alegria foram os alunos, pois erámos uma família. Ainda passo pela comunidade e recebo um carinho enorme de todos”, salienta.
Após a saída do professor Jader de Moraes, a Secretaria de Educação continuou com o Vidart e apresentou em 2012 os espetáculos Sítio do Pica Pau Amarelo e Brincando no Picadeiro; as apresentações foram divididas por escola. Em 2013 os espetáculos foram Os Guardiões e a Noite de Natal e Deu a Louca em Madagascar.
Atualmente o Vidart é feito em seis unidades escolares: EMEB “Profª Maria Ignês Pinezzi”; EMEB “Profª Maria Benedicta Guimarães”; EMEB “Padre Joaquim Aparecido Rocha”; EMEB “Profª Elizabeth de Lourdes Cardeal Sigirst”; EMEB “Prof. Wladimir Olivier” e EMEB “Profª Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro”. Em todas estas escolas os alunos fazem aulas de malabares, diabolôs, chapéu chinês, perna de pau, acrobacias de solo, acrobacias coletivas, monociclo, trapézio fixo, tecido acrobático e dança. Para cada uma destas modalidades há uma metodologia e uma sequência específica de evoluções. Ao final de cada ano letivo o aluno conclui um ciclo de aprendizagem, que é demonstrado através de espetáculo, transformando alunos em verdadeiros artistas.
A diretora de Educação Física da Secretaria de Educação, Eliane Pismel, elucida sobre os ganhos do projeto para os alunos envolvidos. “A criança aprende que não está sozinha; ela depende do outro e tem que confiar no outro também. Isso é um aprendizado de vida e também na sala de aula. A parte motora vai se completando conforme as atividades são trabalhas no Vidart. Temos o registro do professor sobre a melhora do rendimento escolar das crianças que fazem parte do projeto; estas têm um aprendizado efetivo e uma melhora significativa na atenção”, conclui Pismel.

Apresentações 2014
O espetáculo 10 Anos Vidart será apresentado nos dias 12 e 13 de novembro às 19h30 no Ciaei. Os alunos das escolas municipais EMEB “Profª Maria Ignês Pinezzi”; EMEB “Profª Maria Benedicta Guimarães”; EMEB “Padre Joaquim Aparecido Rocha” e EMEB “Profª Elizabeth de Lourdes Cardeal Sigirst” apresentarão fragmentos dos momentos mais marcantes do Vidart durante sua trajetória. Nestes dias também acontecerão homenagens aos profissionais que fizeram parte do projeto.
O espetáculo As Aventuras do Fundo do Mar será nos dias 19 e 20 de novembro às 19h30 no Ciaei. Os alunos das escolas: EMEB “Prof. Wladimir Olivier” e EMEB “Profª Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro” apresentarão coreografias sobre a falta de água e as dificuldades ao redor deste problema. Na história terá dois personagens que passam por diversas aventuras e também alguns problemas por conta da ausência de cuidado do homem com a natureza. As apresentações têm entrada gratuita.

Serviço
10 Anos Vidart
Dia: 12 e 13 de novembro
Horário: 19h30
Local: Sala Acrísio de Camargo no Ciaei (Centro Integrado de Apoio a Educação de Indaiatuba)
Endereço: Av. Engº Fábio Roberto Barnabé, 3.665, Jardim Regina
Entrada gratuita.

As Aventuras do Fundo do Mar
Dia: 19 e 20 de novembro
Horário: 19h30
Local: Sala Acrísio de Camargo no Ciaei (Centro Integrado de Apoio a Educação de Indaiatuba)
Endereço: Av. Engº Fábio Roberto Barnabé, 3.665, Jardim Regina
Entrada gratuita.

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