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O Almanaque Café recebe
dia 23 de julho o lançamento do CD Caravane,
do Hot Jazz Club.
O Hot Jazz Club é um grupo de jazz manouche (jazz cigano francês dos anos 30) inspirado nos
legendários Django Reinhardt e Stéphane Grappelli. Com mais de 12 anos de
estrada, é pioneiro neste estilo no Brasil, utilizando-se apenas de
instrumentos de cordas típicos desse gênero: violino, banjo, violões ciganos e
contrabaixo acústico.
O grupo investe em pesquisa de repertório e arranjos,
relendo em linguagem manouche temas
conhecidos do grande público: desde os clássicos nacionais de Noel, Cartola,
Pixinguinha, Tom Jobim e Vinícius de Moraes até o pop internacional dos Beatles, Michael Jackson e Queen.
Origem
O Hot Jazz Club tem seu nome como referência clara à célebre
formação do Hot Club de France, que ficou famosa pelo encontro de duas figuras
marcantes do jazz: Stéphane Grapelli no violino e Django Reinhardt no violão
cigano, que se reuniram como banda nos anos 30 em Paris. A originalidade da
formação – por empregar instrumentos de sonoridade acústica e perfil
camerístico – sempre foi surpreendente, uma vez que o jazz viu surgir como
solistas preferenciais uma quantidade abundante de trompetistas, saxofonistas
etc. Embora as formações de jazz mais usuais (que incluem instrumentos de
sopro, piano e bateria) sejam tradicionalmente mais abundantes, há, mesmo hoje
em dia, Hot Clubs em diversos países – Estados Unidos, Alemanha, França,
Dinamarca, Canadá, Suécia e Japão –, sempre incluindo em suas formações o
violino, o violão cigano e o contrabaixo acústico.
As coincidências entre as histórias dos dois grupos são curiosas:
a banda do Hot Club de France surgiu no Claridge Hotel de Paris, quando o hotel
inaugurou, como opção de entretenimento, chás dançantes no horário das 17h às
19h. Bandas diferentes, de sonoridade leve, agradável e, naturalmente,
dançantes, se revezavam a cada 20 minutos – num desses intervalos, Grapelli
precisou trocar uma das cordas de seu violino; enquanto afinava o instrumento
atrás das cortinas, encontrou Django e começaram a tocar juntos desde então.
Grapelli costumava dizer 'talvez, se eu
não houvesse quebrado aquela corda, nunca tivesse acontecido...'.
O Hot Jazz Club surgiu há dez anos em Campinas também em um
hotel, como parte de um projeto de happy-hours
jazzísticas. Semelhantemente, diferentes formações jazzísticas se revezavam –
quando, certa vez, um dos integrantes do grupo que Ernani liderava não pôde
comparecer e foi chamado Modesto para compor a formação com sua guitarra. A
admiração de ambos pela música e estilo de Django Reinhardt estabeleceu logo a
afinidade das referências – a escolha do contrabaixo de Syllos, por fim,
pareceu óbvia, pelo caráter quase performático e dançante do trio e, desde
então, o trabalho desenvolveu-se a passos largos e consistentes. Talvez,
contudo, se aquele outro músico não houvesse faltado, então, também nunca
tivesse acontecido.
Com o Hot Jazz Club, a linguagem elaborada do jazz ganha
contornos suaves e agradáveis, com um ritmo envolvente e dançante que contempla
desde os temas consagrados do swing até standards
contemporâneos – mas não para por aí: o trio veste também com seus timbres
surpreendentes e bem humorados desde os clássicos da bossa-nova e do blues até temas pop dos anos 70; desde baladas imortalizadas nas vozes das divas do
jazz até grooves da Motown.
Intercâmbios de linguagens musicais
Inspirado pela
sonoridade ‘Hot Club’, o grupo inclui sempre em seu repertório alguns clássicos
do jazz manouche, sobretudo os
grandes hits que consagraram o gênio
de Django Reinhardt e o estilo de Stéphane Grappelli. Longe, porém, de se ater
ao papel de cover, o grupo apenas se
utiliza dessa linguagem específica para desenvolver sua vocação fundamental,
que é a de promover releituras de temas originalmente escritos em outras
linguagens. Sempre fez parte da atitude essencial do jazz a ideia de reler com
liberdade, humor e improvisação temas conhecidos pelas pessoas e advindos de
substratos culturais mais populares. Os primeiros jazzistas executavam versões
improvisadas de sucessos do teatro de variedades e dos salões de baile; mais
tarde, esse mesmo importe continuou com os sucessos da Broadway e de Hollywood.
Ao longo de seus mais de 10 anos de existência, o Hot Jazz
Club fez questão de incluir em seu repertório releituras de temas pop, de melodias da MPB, de clássicos do
samba e da bossa nova em versões jazzísticas inusitadas como parte de sua
vocação em exercitar um contínuo e criativo intercâmbio de linguagens,
acreditando ser essa uma estratégia eficiente para promover também a formação
de novos ouvintes. Ao proporcionar ao ouvinte a oportunidade de reconhecer as
músicas de que tem memória afetiva e cultural, o Hot Jazz Club oferece uma
experiência completamente autêntica e lúdica de compreensão da essência do
jazz: a percepção de que o jazz não é o
que se toca mas, sobretudo, como se
toca – e que, quando se conhece a referência de origem, é possível não apenas
apreciá-lo como realmente divertir-se com o jogo de improvisações que os
músicos desempenham sobre o tema.
O sofisticado
repertório montado ao longo dos anos de constantes pesquisas dá a dimensão do
trabalho que o trio vem desenvolvendo a passos largos e consistentes. O produtor
e crítico musical Zuza Homem de Mello tem feito entusiasmados elogios ao grupo
como sendo "o Fino do Jazz em
Campinas", "com um
repertório de um bom gosto insuperável" e assinou a produção do
primeiro álbum do trio, que contou com participação especial de Roberto
Menescal.
Do batucado manso da bossa-nova ao funkeado empolgante de grooves quentes, da batida pop dos hits americanos ao sincopado dos ritmos latinos, das melodias
europeias ao chorinho, ao samba e à bossa nova, todas as cores musicais se
agitam e saem com uma alegria contagiante do bojo encordoado dos instrumentos
que fazem lembrar o swing francês
nostálgico e dançante dos anos 30. A surpresa fica por conta de redescobrir a
cada vez os mais consagrados temas através dos inusitados intercâmbios de
linguagens musicais e dessa instrumentação singular e bem-humorada, que faz com
que cada interpretação seja única.
Repertório:
1. Minor Swing – Django Reinhardt /
Stéphane Grappelli
2. Djangology – Django Reinhardt
3. Daphné – Django Reinhardt
4. Nuages – Django Reinhardt
5. Swing 42 – Django Reinhardt
6. J’attendrai
– Dino Olivieri
7. All
of me – Simons/Marks
8. Embraceable
you – George Gershwin
9. Nature
boy – Eden Ahbez
10. While my guitar gently weeps – George
Harrison
11. Billie Jean –
Michael Jackson
12. Manhã de carnaval
– Luís Bonfá
13. Água de beber –
Tom Jobim
14. Lamentos –
Pixinguinha
15. As pastorinhas
– Noel Rosa
16. Se é tarde me
perdoa – Carlos Lyra
17. As rosas não falam
– Cartola
18. Samba em prelúdio
– Vinícius de Moraes/Baden Powell
19. Como uma onda no
mar – Lulu Santos (SWING A LA PLAGE)
20. Concerto em Re
Menor – Johann Sebastian Bach.
Para assistir a um clipe do grupo: https://www.youtube.com/watch?v=lsHlmaTkOS4.
O bar/restaurante Almanaque Café fica na Avenida Albino José
Barbosa de Oliveira 1240, em Barão Geraldo, Campinas. Telefone: (19) 3249-0014.
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