Livia Figueiredo |
A Magic Tale, uma marca de camisetas artesanais lançada este ano na
Irlanda, em novembro chega ao Brasil para contemplar as raízes da designer, a jornalista e stylist de moda Ana Carolina Lahr.
Evidenciando o lado
artístico e a mentalidade pró-sustentabilidade, a Magic Tale foca pessoas de
mente aberta às novas possibilidades, relacionadas com a natureza e todo tipo
de arte. O conceito das roupas é resumido nos dois slogans que acompanham o marketing da marca. O primeiro, Transforme o seu mundo, leva 'ao pé da
letra' a constatação física de que “nada se perde, tudo se transforma” e propõe
uma mudança criativa que dá novas funções e soluções ao que já existe. “É um conceito amplo, que pode ser levado a
sua tradução literal quando pensamos que trata-se de transformar camisetas
tradicionais em peças estilizadas, ou subjetivo, quando propõe ao usuário que
saia da inércia, inove e seja criativo”, explica Ana Carolina.
A segunda bandeira
levantada pela Magic Tale defende a busca pelo próprio estilo. Acreditando que
cada cor, amarração ou composição é capaz de revelar uma identidade, ela
incentiva seus usuários a buscarem sua essência em peças igualmente exclusivas
e versáteis. “A ideia é que se vestir se
torne um exercício de descoberta. A maioria das peças permite que você a use
pelo menos de duas maneiras diferentes: com o desenho na frente ou nas costas.
Outras, como é o caso do vestido Phoenix 3in1, tem pelo menos seis modos de
uso”.
Coleção 2013/2014
A Magic Tale começou com
uma brincadeira de fazer tye die, mas
as ideias foram surgindo e assim foram adicionados todos os outros detalhes.
A coleção é composta por
peças de vestuários masculino e feminino criados a partir de camisetas básicas.
Nesse processo de transformação, o trançado é utilizado como solução criativa
para substituir a máquina de costura, evitando-se o gasto de energia e
estimulando-se o trabalho manual. As tranças possibilitam inúmeros acabamentos
e são feitas a partir das sobras da própria camiseta cortada. Em alguns
modelos, a finalização é feita com costura a mão, reaproveitando o acabamento
da camiseta original.
Na Coleção 2013/2014 as
peças são submetidas ao falso tie-dye
– ou seja, ao invés de pintadas, elas são descoloridas. As cores finais
dependem da coloração original de cada peça e do tempo de exposição ao agente
químico, o que significa que cada uma, ainda que da mesma cor de fábrica,
apresenta diferentes nuances e desenhos.
As estampas foram criadas
pela própria designer e ganham forma com um molde e uma diluição de tinta de
tecido em água, o que provoca um efeito semelhante à aquarela, num processo de
absorção e secagem natural que também finaliza em formas únicas. Elementos da natureza como folhas de árvores
também dão origem às estampas, que ganham vida com a adição de outras cores,
também pintadas a mão. Esses e outros detalhes, como os pingos de tinta
aleatórios e assinatura da artista em cada unidade, são pensados para
transformar a peça de roupa em uma obra de arte.
Ainda trabalhando com a
ideia de se transformar e jogar menos coisas possíveis no lixo, algumas peças
recebem botões 'exóticos', nesse caso, feitos de arruelas de vedação de
torneira de borracha. Todas elas passam oficialmente a ser personagens desse
conto mágico quando recebem as etiquetas, também feitas a mão.
A coleção completa já
pode ser visualizada na página da marca no Facebook
(www.facebook.com/magictale) ou no site
oficial: www.magictalecollection.com.
Nascida em Indaiatuba,
Ana Carolina Lahr é formada em jornalismo pela Unesp e pós graduada em Criação
de Imagem e Styling de Moda pelo Senac Lapa.
A ideia de criar sua
própria marca é recente, mas os sinais de que deveria investir no aspecto
criativo são antigos. Desde a infância, desenhos, pinturas e colagens fizeram
parte do seu cotidiano, assim como reciclar aquilo que muitos chamariam de
lixo.
A Magic Tale nasceu
depois que Ana Carolina deixou o Brasil e a função de editora de um jornal na
sua cidade natal para viver uma experiência na Irlanda. “Tudo começou quando eu decidi fazer umas camisetas em tie-dye para a equipe de luta do meu namorado e ele
gostou tanto do resultado que sugeriu que eu fizesse camisetas sem o seu logo
para vender. Eu estava de férias no Brasil, prestes a iniciar meu segundo ano
de moradia na Irlanda, quando as ideias começaram a saltar na minha mente. E
pela primeira vez, eu pensei: 'por que não?’. Embora eu tenha pedido uma
máquina de costura de aniversário aos 16 anos, nunca tive muita habilidade para
costura, mas sempre amei customizar. Foi quando comecei a pensar em maneiras de
fazer o meu trabalho único”, explica a designer.
Bastou um mês para que a
coleção estivesse criada e em três meses o primeiro estoque estava pronto para
ser mostrado ao mundo. “Posso dizer que
foi de um processo de descoberta interior que nasceu a Magic Tale. Primeiro
vieram as cores, depois as formas e, quase que simultaneamente, os desenhos. Eu
quase não conseguia dormir. Depois de um ano morando na Irlanda e um mês
visitando o Brasil, eu finalmente consegui pintar os quadros da minha mente...
em uma camiseta. Foi meio por um acaso que escolhi a Irlanda para viver meu
tardio intercâmbio cultural, mas a arquitetura medieval e os contos mágicos
dessa cultura céltica me causaram uma empatia momentânea e eu logo me
apaixonei”, finaliza.
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