Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mostra “Dostoievski e o cinema” no Museu Lasar Segall

A obra de Fiódor Dostoievski tem sido adaptada, transcrita e reinventada por cineastas tão diversos quanto Robert Bresson, Woody Allen e Luchino Visconti; Akira Kurosawa, Bernardo Bertolucci e Robert Siodmak; Richard Brooks, Heitor Dhalia e Robert Wienne.
Ao longo do último século, de 1923 a 2004, cada um desses cineastas se inspirou em Dostoievski e o releu a sua maneira, em filmes que, ainda que tão diferentes estilisticamente, não cessaram de discutir e problematizar o horizonte moral do homem.
A mostra Dostoievski e o cinema, parte integrante da exposição Noites brancas: Dostoievski ilustrado, apresenta obras tão particulares quanto emblemáticas, para as quais o crime, o desencontro amoroso, a culpa, a punição, a responsabilidade e a possibilidade de regeneração humana constituem um campo de investigação ética e invenção estética sem fim. A curadoria é de Ilana Feldman.

Programação:
Sessões sempre às 14h00, nos finais de semana de agosto
Entrada Franca

Final de semana I – 03/08
Os irmãos Karamazov, Richard Brooks (EUA, 1958, cor, 140’)
1870, Rússia. Numa pequena cidade, Fiódor Karamazov, um viúvo mulherengo, vive em conflito com os filhos: o idealista Dimitri (Yul Brynner), o intelectual ateu Ivan, o cristão fervoroso Alexei e o bastardo Smerdjakov, que sofre de crises de epilepsia. A situação piora quando Dimitri se apaixona pela amante do pai (Maria Schell). Com muito talento, Brooks consegue traduzir para o cinema o complexo universo literário de Dostoievski nessa fascinante análise do poder do dinheiro e da maldade humana.  
Direção: Richard Brooks
Idioma: inglês
Legendas: português
Ano de produção: 1958
País de produção: EUA
Duração: 140 minutos
Distribuição: Versátil
Cor: cor

04/08
Crimes e pecados, Wooody Allen (EUA, 1989, cor, 104’)
Cliff Stern (Woody Allen) é um documentarista idealista e socialmente engajado, até que recebe a oferta de um trabalho lucrativo, em que ele deve filmar o perfil de um bem-sucedido produtor de TV (Alan Alda). Judah Rosenthal (Martin Landau), respeitado oftalmologista, é o pilar de sua família e de sua comunidade judaica, até que descobre que sua amante (Anjelica Huston) planeja revelar a todos suas artimanhas financeiras e extraconjugais. À medida que Cliff escolhe entre ser íntegro ou vender-se por dinheiro, e Judah decide entre a orientação de seu rabino (Sam Waterston) e o conselho assassino de seu irmão mafioso (Jerry Orbach), cada homem precisa examinar sua própria moralidade e tomar uma decisão irrevogável – que irá mudar a vida de todos para sempre. Livremente inspirado em Crime e castigo, de Dostoievski, Crimes e pecados é uma fábula contada com maestria sobre a complexidade das escolhas humanas e a dimensão moral que elas representam.
Direção: Woody Allen
Idioma: inglês
Legendas: português
Ano de produção: 1989
País de produção: EUA
Duração: 104 minutos
Distribuição: Versátil
Cor: colorido

Final de semana II – 10/08
O idiota, Akira Kurosawa (Japão, 1951, pb, 166’ )
Em O Idiota, Kurosawa utiliza um texto de peso de Dostoievski. Após sair de um hospício, homem decide mudar-se de cidade. É quando Kameda (Toshiro Mifune) viaja para Hokkaido e acaba envolvendo-se com duas mulheres, vindo a relacionar-se com uma delas - ainda que esteja apaixonado pela outra. O drama instaura-se com a iminência de um assassinato, após uma perceber que não é amada e decidir tomar providências drásticas quanto a sua situação.
Direção: Akira Kurosawa
Idioma: japonês
Legendas: português
Ano de produção: 1951
País de produção: Japão
Duração: 166 minutos
Distribuição: Cinemax
Cor: preto e branco

11/08
Noites brancas, de Luchino Visconti (Italia, 1957, pb, 107’)
Em Livorno, numa noite de inverno, o solitário Mario (Marcello Mastroianni) conhece a ingênua Natalia (Maria Schell), que chora à espera de seu grande amor. Nas noites seguintes, Mario apaixona-se por Natalia, sem saber o que o destino reserva para eles. Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza, Noites Brancas é um romance de rara beleza, ambientado numa atmosfera onírica e poética, criada com maestria por Visconti. 
Direção: Luchino Visconti
Idioma: italiano
Legendas: português
Ano de produção: 1957
País de produção: Itália
Duração: 107 minutos
Distribuição: Versátil
Cor: preto e branco

Final de semana III – 17/08
Partner, Bernardo Bertolucci (Itália, 1968, cor, 105’)
Realizado durante o auge do movimento estudantil de 1968, Partner é um dos filmes mais radicais do cineasta italiano Bernardo Bertolucci. Baseando-se livremente em O Duplo, de Dostoievski, Bertolucci narra a história de Jacob (Pierre Clémenti), um estudante com ideias revolucionárias cuja existência solitária é abalada pelo aparecimento de seu duplo, que o incentiva a ter um maior engajamento político. Inspirado pelas teorias de Karl Marx, Sigmund Freud e Jean-Luc Godard, Bertolucci realizou um filme-manifesto que capta os principais dilemas da geração de 1968.
Direção Bernardo Bertolucci
Idioma: inglês
Legendas: português
Ano de produção: 1968
País de produção: itália
Duração: 105 minutos
Distribuição: Versátil
Cor: colorido

18/08
Nina, Heitor Dhalia (Brasil, 2004, cor, 85’)
Nina (Guta Stresser), uma jovem de sensibilidade aguda e mente fragilizada, procura meios de sobrevivência numa metrópole desumana. A proprietária do apartamento onde mora, Dona Eulália (Myriam Muniz), uma velha mesquinha e exploradora, parece tirar prazer em esmagar a vontade de sua inquilina exaurida. Nina, em meio a desenhos que faz em toda parte e vivendo a agitada cena eletrônica de São Paulo, mergulha nos fantasmas de seu subconsciente até acabar envolvida num crime. Uma combinação de Crime e castigo de Dostoievski com o visual soturno dos filmes de suspense e as animações violentas que lembram os mangás japoneses, o longa-metragem de estreia do diretor brasileiro Heitor Dhalia é um retrato pungente da desintegração psicológica diante de um mundo frio e sádico.
Elenco: Guta Stresser, Selton Mello, Wagner Moura
Direção: Heitor Dhalia
Idioma: português
Ano de produção: 2004
País de produção: Brasil
Duração: 85 minutos
Distribuição: Sony pictures
Cor: colorido

Final de semana IV – 24/08
O grande pecador, Robert Siodmak (EUA, 1949, pb, 110’)
Nessa adaptação do diretor norte-americano Robert Siodmak para o livro O Jogador, de Dostoievski, Fedor Fedja (Gregory Peck), um escritor bem-sucedido, conhece Pauline Ostrovsky (Ava Gardner) em uma viagem de trem. O escritor descobre que a bela moça e seu pai vivem de jogar em cassinos. Apaixonado por Pauline e decidido a transformar aquela experiência em literatura, Fedor mergulha no universo do jogo, um caminho que poderá levá-lo à ruína.  

Direção Robert Siodmak
Idioma: inglês
Legendas: português
Ano de produção: 1949
País de produção: EUA
Duração: 110 minutos
Distribuição: Versátil
Cor: preto e branco

25/08
Pickpocket, Robert Bresson (França, 1959, pb, 75’)
Inspirando-se livremente em Crime e Castigo, de Dostoievski, Robert Bresson nos narra, com seu rigor característico que o tornou um dos cineastas mais marcantes do século XX, a trajetória de um batedor de carteiras chamado Michel. Acompanhamos seus delitos, sua fraqueza de caráter e sua tentativa de mudar de vida, a partir do momento em que se apaixona por Jeanne. Para compor esse personagem com realismo, Bresson, além de trabalhar com não atores (chamados por ele de “modelos”), contou com a assessoria de um batedor de carteiras profissional, que o ajudou na escolha de locações e nos detalhes reais das cenas. Pickpocket influenciou inúmeras gerações de cineastas e roteiristas.
Direção: Robert Bresson
Idioma: francês
Legendas: português
Ano de produção: 1959
País de produção: França
Duração: 75 minutos
Distribuição: Versátil
Cor: preto e branco.
O Museu Lasar Segall fica na Rua Berta 111, em São Paulo. Para mais informações, www.mls.gov.br.

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