Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

quinta-feira, 5 de março de 2009

Um porto para Elisabeth Bishop

Na última quinta-feira, 26 de fevereiro, a atriz Frances Sternhagen (a sogra de Charlote em Sex & The City e mãe de Brenda em The Closer), foi homenageada pelo New York Stage and Film Festival e escolheu trechos da peça Um porto para Elizabeth Bishop, de Marta Góes, para apresentar naquela noite. Por ter publicado pouco e lentamente, ao longo de toda a vida, Elizabeth Bishop (1911-1969 – Prêmio Pulitzer de Poesia de 1956) construiu aos poucos sua reputação de grande poeta americana do século XX. Mas a percepção da importância de sua obra cresceu muito nos últimos anos, a ponto de seu nome ser incluído nos mais importantes balanços da produção literária dos últimos 100 anos.
Elizabeth Bishop viveu no Brasil durante quinze anos, de 1951 a 1966. O retrato do país que ela desenha em suas cartas e em seus poemas, com um estranhamento de estrangeira e, sobretudo, de artista, nos fornecem uma visão nítida e enternecedora do Brasil, no momento em que uma autoconsciência ainda tingida de esperança se traduzia em música, design, arquitetura, cinema e teatro. Elizabeth Bishop e o Brasil fixaram um no outro seus reflexos de tal forma que olhar para os quinze anos em que ela morou aqui nos permite conhecer o caminho que ela trilhou da depressão ao reconhecimento e a trajetória do país, sonho adentro. Contar a história de Elizabeth Bishop traz à tona personagens de nossa história recente como Carlos Lacerda, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto e, sobretudo, Lota Macedo Soares, a razão pela qual Elizabeth, que pretendia apenas fazer uma escala no Rio durante uma viagem em torno do continente, acabou permanecendo no Brasil por tanto tempo. Com uma visão de mundo típica da elite brasileira e uma prática de conflitos e coragem, necessária à sobrevivência de uma mulher homossexual nos anos 50, Lota ofereceu a Elizabeth proteção e encorajamento, mas sucumbiu à fragilidade que se escondia sob sua energia aparentemente inesgotável. Uma peça sobre Elizabeth Bishop pode ampliar o número de admiradores de uma artista privilegiada, e propiciar um momento de reflexão sobre um belo país, momentaneamente extraviado de sua verdadeira vocação. A íntegra da peça pode ser acessada no site da Editora Terceiro Nome, via link http://www.carteiroxpress.com.br/ws/cr.jsp?userID=2437&useID=69976&url=http%3A%2F%2Fwww.terceironome.com.br%2Fespeciais.asp%3Fabre%3Ds%26ide%3D5&email=KxDnZVYZ%252B5d8x%252BDXwrsgrUkANS7jjkvYo3BuW4tsXVEfdf4kw7AM3xDUnLq5nw91GiFr7jmn%252Fwow%250Agp37TMt02haS8wAmcbGGFVpxn396TnKTOZ6PwTkShgQbJpaN6M24ZmXmtQHe6jC41NEETl49kZHo%250AyfpruThH3NC5epRhI7o%253D&urlText=clique%20aqui.

Nenhum comentário: