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Trem Azul, 1981
Música | Último espetáculo musical de
Elis Regina
dirigido por Fernando Faro
As dificuldades do pequeno palco e as
colunas existentes
na plateia exigiram a criação de esculturas com monitores
na
cabeça, uma modernidade que surgiu da precariedade
do ambiente e acabou
tornando o espetáculo mais futurista,
detalhe que o cartaz retrata. No início
do ano seguinte, Elis
nos deixou. No final do texto de Fernando Faro que abria
o espetáculo, a própria Elis dizia: Agora
sou uma estrela.
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O SESI-SP leva a Campinas a exposição
gratuita Cartazes Icônicos, do artista gráfico Elifas Andreato, conhecido pela criação de capas de discos,
cenografias de espetáculos e cartazes de divulgação para artistas como Elis
Regina, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Ruy Guerra, Gianfrancesco Guarnieri
e Fernando Peixoto. Seus traços, presentes em memoráveis álbuns lançados por
grandes artistas, permeiam a história da música popular brasileira entre o fim
da década de 1960 e a de 1980.
A mostra, em cartaz no SESI Campinas
Amoreiras de 29 de setembro a 25 de outubro, reúne cartazes históricos de
eventos culturais, espetáculos teatrais da resistência ao regime militar e
campanhas de conscientização social. Após passar por Campinas, a exposição
segue para Rio Claro, de 7 de novembro a 7 de dezembro, e tem roteiro previsto
para mais 40 municípios paulistas nos próximos cinco anos.
Além da sensibilidade característica de
seu traço, Andreato – autor de mais de 700 capas de LPs, CDs e DVDs – é um designer que consegue em seus trabalhos
um alto nível de integração visual com as propostas artísticas representadas.
Pela forma engajada de expressar sua arte, tornou-se referência em ilustrações
para diferentes linguagens, com trabalhos marcantes voltados à música, à
literatura, ao teatro e à imprensa.
Nesta seleção organizada especialmente
para percorrer as unidades do SESI-SP, destaque para o trabalho produzido em
homenagem à cantora Elis Regina, em 1983 e o cartaz do espetáculo A Morte de um Caixeiro Viajante, de
1984, de Arthur Miller.
Outro ponto alto é o pôster da montagem Calabar, de 1980, de Chico Buarque e Ruy
Guerra. “O texto foi proibido na primeira
tentativa de montagem e, quando liberado, a canção Tatuagem, de Chico Buarque, serviu de inspiração
para o desenho. Ao ver o cartaz, o diretor mudou o final da peça”, revela
Andreato.
Essa e outras memórias poderão ser
conhecidas pelos visitantes da exposição deste artista que criou consagradas
capas de discos do país, retratou ícones da MPB, roteirizou, dirigiu e
cenografou espetáculos, colecionando prêmios nacionais e internacionais e fez
ilustrações para jornais, revistas e livros. Por tudo isso, conheceu muita
gente e tem uma boa dose de histórias para contar por meio de sua arte e suas
lembranças.
Mais
informações sobre o artista
O paranaense Elifas Andreato, 68 anos, deu
início à sua carreira de artista gráfico e jornalista em 1967 como estagiário
na Editora Abril. No ano seguinte, assumiu a diretoria de arte do núcleo de
publicações femininas, além de ter participado da equipe de criação de inúmeras
revistas e coleções, como Placar, Veja e História da Música Popular Brasileira.
Nos anos de 1970 fundou órgãos da imprensa
alternativa como Opinião, Argumento e Movimento. Nessa época, começou a atuar como programador visual
para espetáculos teatrais que fizeram grande sucesso.
Destacou-se também como criador de capas
de discos para os nomes mais conhecidos da MPB. Foram cerca de 700 peças,
muitas delas antológicas e premiadas. O trabalho de capista continuou durante a
década de 1980, com destaque para os LPs Ópera
do Malandro e Almanaque e Vida,
de Chico Buarque; Arca de Noé 1 e 2 e Um
Pouco de Ilusão, de Vinicius de Moraes e Toquinho; Aquarela e Casa de Brinquedo,
de Toquinho; Zumbido, Cantando e
Chorando, Eu Canto Samba e
Bebadosamba, de Paulinho da Viola, entre outras obras de nomes como Clara
Nunes, Maria Bethânia, Clementina de Jesus e Rolando Boldrin, só para citar
alguns. Entre os Prêmios Sharp de Música e os concedidos pela Associação dos
Produtores de Discos, recebeu 24 prêmios pelas capas que criou.
Seu trabalho direcionou-se para a área
editorial nos anos de 1990. Andreato foi responsável pelas históricas coleções MPB Compositores e História do Samba, lançadas pela Editora Globo. Sua participação
foi decisiva no Projeto Memória, da Fundação Banco do Brasil, para o qual criou
grandes exposições itinerantes sobre figuras como Monteiro Lobato, Rui Barbosa
e Juscelino Kubitschek.
Ao longo de sua trajetória, Andreato
promoveu dezenas de mostras de sua obra nas principais cidades brasileiras.
Atualmente é diretor editorial do Almanaque Brasil, publicação mensal que
circula nos voos da companhia aérea TAM e responsável pelo programa televisivo
de mesmo nome, exibido na TV Brasil e na TV Cultura.
Em 2011, pelo conjunto de sua obra,
recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido a pessoas que se destacam
na defesa de valores éticos e democráticos e na luta pelos direitos humanos.
Serviço
Exposição Cartazes Icônicos
Local: foyer do Teatro do SESI Campinas
Amoreiras (Av. das Amoreiras 450, Parque Itália)
Período expositivo: de 29 de setembro a 25
de outubro - de terça a sexta, das 9h às 17h e aos sábados, das 14h às 19h
(exceto feriados)
Classificação indicativa: livre
Informações: (19) 3772-4100
Entrada gratuita.