Para pensar:

"Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."

Mario Quintana

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Mostra reúne cartazes históricos no SESI Campinas

Trem Azul, 1981
Música | Último espetáculo musical de Elis Regina 
dirigido por Fernando Faro
As dificuldades do pequeno palco e as colunas existentes 
na plateia exigiram a criação de esculturas com monitores 
na cabeça, uma modernidade que surgiu da precariedade 
do ambiente e acabou tornando o espetáculo mais futurista,
detalhe que o cartaz retrata. No início do ano seguinte, Elis
nos deixou. No final do texto de Fernando Faro que abria 
o espetáculo, a própria Elis dizia: Agora sou uma estrela.  
O SESI-SP leva a Campinas a exposição gratuita Cartazes Icônicos, do artista gráfico Elifas Andreato, conhecido pela criação de capas de discos, cenografias de espetáculos e cartazes de divulgação para artistas como Elis Regina, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Ruy Guerra, Gianfrancesco Guarnieri e Fernando Peixoto. Seus traços, presentes em memoráveis álbuns lançados por grandes artistas, permeiam a história da música popular brasileira entre o fim da década de 1960 e a de 1980.
A mostra, em cartaz no SESI Campinas Amoreiras de 29 de setembro a 25 de outubro, reúne cartazes históricos de eventos culturais, espetáculos teatrais da resistência ao regime militar e campanhas de conscientização social. Após passar por Campinas, a exposição segue para Rio Claro, de 7 de novembro a 7 de dezembro, e tem roteiro previsto para mais 40 municípios paulistas nos próximos cinco anos.
Além da sensibilidade característica de seu traço, Andreato – autor de mais de 700 capas de LPs, CDs e DVDs – é um designer que consegue em seus trabalhos um alto nível de integração visual com as propostas artísticas representadas. Pela forma engajada de expressar sua arte, tornou-se referência em ilustrações para diferentes linguagens, com trabalhos marcantes voltados à música, à literatura, ao teatro e à imprensa.
Nesta seleção organizada especialmente para percorrer as unidades do SESI-SP, destaque para o trabalho produzido em homenagem à cantora Elis Regina, em 1983 e o cartaz do espetáculo A Morte de um Caixeiro Viajante, de 1984, de Arthur Miller.
Outro ponto alto é o pôster da montagem Calabar, de 1980, de Chico Buarque e Ruy Guerra. “O texto foi proibido na primeira tentativa de montagem e, quando liberado, a canção Tatuagem, de Chico Buarque, serviu de inspiração para o desenho. Ao ver o cartaz, o diretor mudou o final da peça”, revela Andreato.
Essa e outras memórias poderão ser conhecidas pelos visitantes da exposição deste artista que criou consagradas capas de discos do país, retratou ícones da MPB, roteirizou, dirigiu e cenografou espetáculos, colecionando prêmios nacionais e internacionais e fez ilustrações para jornais, revistas e livros. Por tudo isso, conheceu muita gente e tem uma boa dose de histórias para contar por meio de sua arte e suas lembranças. 

Mais informações sobre o artista
O paranaense Elifas Andreato, 68 anos, deu início à sua carreira de artista gráfico e jornalista em 1967 como estagiário na Editora Abril. No ano seguinte, assumiu a diretoria de arte do núcleo de publicações femininas, além de ter participado da equipe de criação de inúmeras revistas e coleções, como Placar, Veja e História da Música Popular Brasileira
Nos anos de 1970 fundou órgãos da imprensa alternativa como Opinião, Argumento e Movimento. Nessa época, começou a atuar como programador visual para espetáculos teatrais que fizeram grande sucesso.
Destacou-se também como criador de capas de discos para os nomes mais conhecidos da MPB. Foram cerca de 700 peças, muitas delas antológicas e premiadas. O trabalho de capista continuou durante a década de 1980, com destaque para os LPs Ópera do Malandro e Almanaque e Vida, de Chico Buarque; Arca de Noé 1 e 2 e Um Pouco de Ilusão, de Vinicius de Moraes e Toquinho; Aquarela e Casa de Brinquedo, de Toquinho; Zumbido, Cantando e Chorando, Eu Canto Samba e Bebadosamba, de Paulinho da Viola, entre outras obras de nomes como Clara Nunes, Maria Bethânia, Clementina de Jesus e Rolando Boldrin, só para citar alguns. Entre os Prêmios Sharp de Música e os concedidos pela Associação dos Produtores de Discos, recebeu 24 prêmios pelas capas que criou.
Seu trabalho direcionou-se para a área editorial nos anos de 1990. Andreato foi responsável pelas históricas coleções MPB Compositores e História do Samba, lançadas pela Editora Globo. Sua participação foi decisiva no Projeto Memória, da Fundação Banco do Brasil, para o qual criou grandes exposições itinerantes sobre figuras como Monteiro Lobato, Rui Barbosa e Juscelino Kubitschek.    
Ao longo de sua trajetória, Andreato promoveu dezenas de mostras de sua obra nas principais cidades brasileiras. Atualmente é diretor editorial do Almanaque Brasil, publicação mensal que circula nos voos da companhia aérea TAM e responsável pelo programa televisivo de mesmo nome, exibido na TV Brasil e na TV Cultura.    
Em 2011, pelo conjunto de sua obra, recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido a pessoas que se destacam na defesa de valores éticos e democráticos e na luta pelos direitos humanos.

Serviço
Exposição Cartazes Icônicos
Local: foyer do Teatro do SESI Campinas Amoreiras (Av. das Amoreiras 450, Parque Itália)
Período expositivo: de 29 de setembro a 25 de outubro - de terça a sexta, das 9h às 17h e aos sábados, das 14h às 19h (exceto feriados)
Classificação indicativa: livre
Informações: (19) 3772-4100
Entrada gratuita.

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