Celebrar oito décadas de Plínio Marcos é reencontrar o couro, a lama e as lâminas de seus
textos. É desfrutar, refletir e se guiar pelas rinhas que esse poeta, ancestral
dos escritores das periferias, acendeu ainda mesmo na Baixada Santista, de onde
subiu pra lutar com palavras e cenas mesclando a crença na grandeza do ser
humano e o nojo com a ganância e os chicotes, traçados tanto nos altos
gabinetes como nas mais capengas cabanas.
Plínio sacudia as entranhas e as remelas de seus
personagens, combinando compaixão e estupor. Mas, além das suas tantas peças já
clássicas, esse escritor, ex-palhaço e varzeano também assinou crônicas
impiedosas com o Poder e versou junto com os grandes sambistas paulistanos, rodando
pelas beiradas e miolos da cidade. Criativa, satírica, dolorosa, ativando
suspenses e comédias, sua linguagem foi muito além de um mero transporte de
gírias para o papel e para a interpretação, contemplando na sanha das esquinas
e dos galpões de obras, os buracos e conflitos mais dolorosos e essenciais da
alma das gentes das quebradas.
Para mergulharmos em sua arte, a Biblioteca Mario de Andrade apresenta a semana Plínio Marcos - 80 anos de
escrita maloqueira, sob curadoria do escritor Allan da Rosa, com
debates, leituras dramáticas e oficinas entre escritores, poetas, atrizes e
pesquisadores das quebradas, além de projeção de filmes e shows com sua
musicália e poesia.
Haverá também uma banca de vendas de livros do Plínio, da
reserva especial de sua família, com o Edson Lima, do projeto O Autor na Praça,
do qual o Plínio é o padrinho (e cujo nome empresta ao espaço, uma tenda na Feira
de Artes da Praça Benedito Calixto) e começou com ele em maio de 1999. Além
disso, o evento terá o livro Plínio
Marcos, a crônica dos que não tem voz, de Fred Maia, Javier Contreras e
Vinicius Pinheiro.
Programação
07/04
19h: Projeção do filme Plínio
Marcos nas quebradas do mundaréu, de Julio Calasso
Bate-papo com o diretor
08/04
19h- A nova guarda maloqueira apresenta o escritor das
quebradas
Leitura de Oração para
um pé de chinelo, com Lucelia Sergio (Cia. Os Crespos) e Allan da Rosa
Bate-papo:
Akins Kinte amarga e
salga com Inútil canto, inútil pranto pelos anjos caídos
Jenyffer Nascimento
traz os urros e esperanças de Navalha na carne
Walner Danziger
dichava os farrapos de A dança final
09/04
19h: A nova guarda maloqueira apresenta o escritor das
quebradas
Leitura de O abajur
lilás, com Martinha Soares (Teatro Clariô) e Allan da Rosa
Bate-papo:
Sonia Bischain abre a
Brasilândia presente em Na Barra do Catimbó
Michel Yakini
Piritubarte arde a vista com Prisioneiro de uma canção
Raffaella Fernandez
traz as vergonhas encarceradas de A mancha roxa
10/04
19h, na Ocupação São João – Avenida São João, 588
Oficina: A letra
presepeira de Plinio e o direito à moradia, com Ruivo Lopes.
E na Biblioteca Mario de Andrade:
22h: Projeção de Querô,
filme de Carlos Cortez
0h: Peça teatral: Dois
perdidos numa noite suja (Companhia Benditos Malditos), com Douglas Lima e
Lucas Wickhaus. Direção: Douglas Lima
02h: Show com Leo Lama
03h: Peça teatral: Quando
as máquinas param, com Darília Lilbé e Arce Correia. Direção de Max
Muratorio.
04h30: Roda de samba Nas
quebradas do mundaréu - Plínio Marcos em prosa e samba, com o Bando da
Garoa e Kiko Barros.Para mais informações, o telefone da Biblioteca Mário de Andrade é (11) 3775-0002 e o website, www.bma.sp.gov.br.
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