Recentemente li uma notícia que ilustra
bem o momento que vivemos. Um jovem londrino desenvolveu um aplicativo (app) e
o vendeu por US$30 milhões para o Yahoo!
Ele tinha apenas 17 anos. Ele foi notícia na mídia, para a alegria de milhares
de jovens desenvolvedores de apps e
loucos por um start-up que lhes dê
uma vida confortável antes de chegarem aos vinte e cinco anos.
Este caso me remete à história do Post-it. O Post-it é fruto de uma ideia fracassada somada à nossa humana
necessidade de organização. A origem se deu quando dois engenheiros da 3M – um
inventor de uma cola que não colava bem (em 1968) e outro um anotador em papéis
de pão soltos dentro de um livreto religioso (em 1974) – se juntaram para fazer
o Post-it. Foi um sucesso instantâneo?
Nem pensar. O lançamento ocorreu somente em 1977 nos EUA e 1978 na Europa. Mas
deu certo no mundo todo e hoje vende milhões e milhões de dólares por dia.
Estas duas invenções nos fascinam,
obviamente. A genialidade humana, no meio de tanta esquisitice, realmente nos
causa um bem estar imensurável. Digo sempre que precisamos de heróis e gênios
para continuar enfrentando a vida. Mas é preciso entender o contexto destes
produtos. Os dois casos, tanto do jovem londrino quanto do Post-it, são casos raros de sucesso, frutos muito mais da
necessidade, do investimento e do esforço do que da genialidade de uma musa executiva
e inspiradora. São casos que tiveram a sorte de cair nas graças de grandes
empresas multinacionais com muita bala na agulha para gastar o tempo e os tubos
com boas ideias que poderiam ou não virar produto comercializáveis. Na maioria
dos casos, não viram.
Cheguei aonde eu queria chegar. Jovens recém-ingressantes no mercado de
trabalho ou ainda em fase de maturação aqui vai um alerta: cuidado com a
Síndrome do Post-It! Boas ideias,
realmente boas, empresas com potencial para gerar receitas absurdas, aquele start-up que é muito mais o sonho revolucionário
seu e de seus amigos do que o de consumidores e investidores, hoje, com a
projeção midiática de alguns poucos ungidos, funcionam como o canto da sereia
dos blogueiros e dos geeks. Todo
mundo acha que tem um Post-it na
cabeça e que ele vai lhe permitir ficar tocando guitarra o resto da vida na
garagem. Basta apenas encontrar um engravatado endinheirado, vender a ideia e
pronto, já posso participar do Two and a
Half Men pelo lado do garotão milionário e descompromissado. Ledo engano que
o novo século XXI incute nas, por vezes vaidosas, cabeças.
Não estou dizendo que você deva largar
suas ideias ou seus sonhos e voltar a por tantas vezes injustiçada vida
cotidiana. Apenas estou dizendo para pegar agora algo que você só vai querer
depois de 30 anos de experiência: cautela.
Em tempo: da mesma forma que o Post-it, a invenção de nosso jovem
londrino chamava-se inicialmente Trim It.
Well, it would be a
signal.
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